Correspondência: Carta 08
Não posso deixar de dizer, que muito me surpreendeu, quando li sua carta, e nunca pude imaginar isso tudo que você me contou; nem fazia idéia de que era assim que o senhor via as coisas. Acho injustas as coisas que o senhor tem dito sobre a mamãe. Ela tem feito tudo, da melhor forma possível. Sei que ela magoou muito ao senhor, mas a recíproca também é verdadeira. Infelizmente, o casamento de vocês não foi um mar de rosas.
Não pense que concordo com certas atitudes que mamãe tomara, e nem com certos atos. Mas como ela mesma gosta de dizer: vivemos em um mundo imperfeito, cheio de pessoas imperfeitas e falíveis.
Bem papai, e eu... eu também sou uma pessoa imperfeita e falível. Eu sabia que este meu relacionamento não lhe agradaria em nada, mas fazer o quê, se foi meu coração que decidiu por este homem, que me enche de júbilo e amor. Muito me chateou, as duras palavras que o senhor disse sobre ele. Ainda mais, que o senhor o conhece desde que eram crianças; cresceram juntos, e bem sei o quanto eram amigos. Agora quanto a ele ser mulherengo, safado e conquistador, se bem sei, não muito diferente do que o senhor era, se me perdoa a sinceridade. Ele me contou muitas coisas que vocês aprontaram juntos. Que o senhor também era muito malandro e mulherengo, e que não deixara de desvirginar um grande número de garotinhas inocentes por ai. Inclusive minha mãe, que se não me engano, contava com apenas treze anos quando o senhor acabou com sua pureza, mesmo ela não estando de pleno acordo. Tanto é, que o senhor não pode negar que se casaram apressados, pois quando mamãe nem tinha ainda completado seus quinze anos, já estava grávida do senhor, e esperando por meu irmão.
Papai, não quero que fique bravo com estas minhas palavras. A vida já não é mais como antes, e eu já não sou mais uma garotinha pequena e assustada, que precisa de todos os cuidados. Daqui a alguns meses, estarei completando vinte anos, e sei bem me virar e cuidar de mim mesma. E se aquele filho da puta com quem estou, aprontar alguma comigo, pode deixar que eu mesmo o capo, e lhe mato com minhas próprias mãos.
e querida filhinha”.
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