O Triste Destino da Paz.
“Não está mais aqui, foi-se para a cidade a procura de trabalho.”
Procurei pela paz em estradas compridas, e me disseram:
“Passou por aqui pedindo carona, não tinha dinheiro para ir de ônibus.”
Procurei pela paz em casas límpidas, me disseram:
“Aqui ela não fica, terá de pagar aluguel.”
Procurei pela paz por ruas e becos escuros, e me disseram:
“Aqui só fica quem quiser trabalhar para mim.”
Procurei pela paz em margens de fétidos rios, e me disseram:
”Não vive ninguém aqui, somente os ratos e alguns mendigos.”
Procurei pela paz em todas as esquinas, e me disseram:
“Não faz tanto tempo que passou por aqui, triste e de cabeça baixa.”
Encontrei a paz num banco de praça, e ela me disse:
“Não agüento mais quero devolta o meu lar!”
Indaguei a paz sobre o por que viera, e ela respondeu-me:
“Preciso comer, sinto muita fome!”
Ouvi a paz em seus lamentos, assim ela dizia:
“Me levaram tudo, simplesmente tudo!”
Distrai-me, enquanto atravessávamos a rua, e a paz não venceu os carros.
Todos ao redor diziam:
“Falta de sorte, descuidou-se. Isso acontece.”
Num bonito sepulcro enterrei a paz, e disse-lhe:
“Vá com Deus, estará melhor assim. Amém!”