[ HOME ] 

SANDRO CÔDAX, sempre foi um aficionado por literatura, e já há alguns anos, viu-se arrastar por este mundo de sonhos e fantasias, de glórias e derrotas, onde sim-ples personagens ganham vida, onde simples mortais tornam-se deuses. Estreou no mundo literário no ano de 2004. Sua escrita moderna e direta, e forte senso crítico sobre as relações humanas, tem agradado em cheio ao público. Impossível, é conter sua criatividade que fervilha e não cessa. Contra todas as dificul-dades de um mercado editorial cada vez mais fechado e concen-trado, continua a desenvolver seu trabalho, lutando heróicamente por seu espaço.

 
 

Baixe as fontes para melhor visualizar a homeblog.

// Solombras

a carne é fraca,
e o desejo...
é incontrolável.

// Arquivos e Contos

  • Batracomiomaquia
  • Olá Dona Morte!
  • Querubins
  • Os 360 Céus
  • Batatas Fritas Voadoras
  • "Independência ou Morte!"
  • A Pétala
  • Punk 77
  • Numeral
  • Bolo D'água
  • Tarde Ventibus Ossa
  • Canto de Outono
  • A Energumena Grei... (fragmento).
  • Da árvore que há em nós
  • Rês Rente a Rés
  • Anjo torto
  • Coleciono Pedras, Amores e Outras Decepções.
  • O Doce Cheiro do Medo
  • Graciosas Desgraças de Hienas
  • De Humanos, Títeres e Marionetes
    O Fígado Controla o Homem
  • // Insanidades Diversas

  • Processo Criativo
  • Filo, Edge...
  • Griloceraptors
  • Ivanovitch para Presidente!
  • SD: "Troféu Óleo de Peroba"
  • Delírio Musical: "Anjos Caídos".
  • DM: Nome Aos Bois (versão anos dois mil)
  • Comida Diet!
  • Coletâneas Clandestinas
  • Cristo e a Abelha
  • Homenagem a Mulher
  • Núpcias de Jesus com Débora
  • C.O.S. (Devotos do Ódio)
  • "O HOMEM QUE SABIA MENTIR" entre o Top 50
  • O Pecado de Cristo
  • "Campanha Livros Com Asas"
  • SD: Adicione um multi-tradutor em sua página
  • Em dias de BBB...
  • A Vingança de Prishchepa.
  • Viva o Dia das Mães
  • DM: "Inferno".
  • O Sal: do Engodo.
  • SD: Intervenções
  • DM: "Colossal".
  • Lei Seca
  • HQ: "Você" - Raul Seixas
  • SD: Dilemas e Ditados
  • O Cemitério de Kozin
  • Pesquisa de Livros do Google : O homem que sabia mentir
  • O Filho do Rabino
    Muito Além do Cidadão... (Ivanovitch)

  • // Insanos pela Rede

  • Achel Tinoco
  • Eric Novello
  • Putrefação
  • Armanon
  • Príons
  • A Guerra das Sombras
  • Contos de Arian
  • Alma Poética
  • Caroline Borja
  • Cristina Lasaitis
  • Martha Argel
  • Nelson Magrini
  • Túlio Siqueira
  • André Ferrer
  • Flávio Circini
  • Em transe com meu elo perdido
  • Pela senda ao infinito próximo
  • Poeta Gaivota
  • Pé na Cova
  • A Estante Mágica
  • O Psicopata Enrustido
  • Universitário Falido
  • Babes With Books
  • Uma Foto e um Poema
  • Mutantes Na Foto
  • Studo Mudo (música)
  • Praticando Física
  • // Parceiros

     
    Google

    Assine nosso feed.

    // TAG RANKING

    AMOR ANJO ASAS BEIJO BBB BRANCA+DE+NEVE CARTA CEUS CONTOS DEGREDADOS DINHEIRO ESCRITOR EVA FLORES FOGO GLORIA GUERRAS HOMENAGEM HQ LIVRO MEDO MENTIR MORTE MULHER MUTANTES PECADO QUADRINHOS SERIES SOGRA SONHOS VIDA VIRGEM+MARIA ZERO

    // Translation

    Welcome. Bienvenue.
    Willkommen. Benvenuto.
    добро пожаловать. Recepción.
    Välkomnande. 歓迎. 欢迎.

    Adicione este tradutor em seu site [clique aqui].

    // Campanha "Livros com Asas"

    Achou um livro? Digite o código.

    powered by Lemmy Godkill
    Esta é uma campanha que visa incentivar a leitura. É uma prática conhecida como “bookcrossing”, e consiste em deixar um livro “perdido” voluntariamente em algum lugar público, para que as pessoas possam desfrutar de uma leitura inusitada.

    Se você encontrou algum livro perdido, digite o código acima e nos diga onde o encontrou. Aproveite e veja por onde o livro já voou... [leia mais]

    Participe, e divirta-se!
    Deixe os livros voarem!

    VEJA TODOS OS LIVROS PARTICIPANTES.

    // Insanidades Retalhadas

    Acompanhe as séries:

    Posts recentes:

    NA INCOERÊNCIA DAS ERAS:
    Segundo semestre do ano de 1987.

    DELÍRIOS MUSICAIS:
    Pés de Portinari

    // Colaboradores

    // LEMMY GODKILL (quadrinhos)

  • HQ: Terapia Psiquiátrica
  • HQ: Outra Terapia Psiquiátrica
  • HQ: A fuga
  • HQ: A fuga 2
  • HQ: O Cavalouco
  • HQ: A Minha Religião
  • HQ: O Duelo
  • HQ: Tião "O Pensador"
  • HQ: O Segredo
  • HQ: O Louco Mundo Animal
  • HQ: O Duelo II
  • HQ: Totó
  • HQ: Brincando de Arco e Flexa
  • HQ: Vaidade?
  • HQ: Novos Pacientes, novos Problemas
  • HQ: Quem é o quê?
  • HQ: Branca de Neve e Os Sete Anões
  • HQ: Manga Madura
  • HQ: Uma Outra Pescaria
    HQ: Que jóia!

    // LUIZ DIAZ

  • Amai-vos
  • O Triste Destino da Paz
  • Agonia de um soldado pós-vida
  • DM: Que Dois de Luta
  • Nove de Maio
  • Da Vida vai pra Morte, da Morte vem pra Vida
  • Ontem olhei para elas, brilhavam...
  • Agora Não Dá Mais
  • Hino Irracional
  • Tudo é
  • Mouros e Cristãos
  • As Aventuras de Jasão nas Terras de Nazaré
  • Homenagem a Caeiro
  • Como vais Cinderela?
  • Apenas Sozinho
  • Vossa Pequenez
  • Três Meses
    Então... Solidão

    // Social

    // DESAPARECIDOS

    DANILO HENRIQUE VICENTE
    No. Queixa: 3988/2003
    Sexo: Masculino
    Data de nascimento: 08/08/1986
    Pai: SEBASTIÃO DE JESUS VICENTE
    Mãe: CLEIDE RAIMUNDO VICENTE

    Desapareceu em: 28/02/2003

    ++++++++++++++++++++

    RAFAELA REGINA DE MATOS
    No. Queixa: 17481/2007
    Sexo: Feminino
    Natural: SÃO PAULO
    Data de nascimento: 11/07/1993
    Pai: JOSE CANDIDO MATOS
    Mãe: MARIA JOSE DE MATOS

    Desapareceu em: 19/10/2007

    ++++++++++++++++++++

    INFORMAÇÕES:

    E-mail: pessoasdesaparecidas@ssp.sp.gov.br

    ++++++++++++++++++++

    INSANOS,
    já visitaram esta página,
    em mais de 20 países.


  • “Ó, SERES FRACOS DE VONTADE E DE ESPÍRITO! GENTE DE POUCA FÉ! QUE NÃO APRENDEM NEM COM O AMOR, NEM COM A JUSTIÇA; NEM COM O FERRO, NEM COM O FOGO! POBRES DEGREDADOS FILHOS DE EVA! POSSUIDORES DE CORAÇÕES DE PEDRA, QUE NEM O SANGUE DERRAMADO DE CRISTO, FOI CAPAZ DE TOCAR; QUE NEM OS OLHOS LACRIMOSOS DA VIRGEM MARIA, SÃO CAPAZES DE ENTERNECER. CONTINUARÃO A VIVER EM GUERRAS, E RANCORES; HÃO DE ENFIM SUCUMBIR A FOME, AOS DESASTRES E HECATOMBES. SE PERDERÃO EM SUA VAIDADE E AMBIÇÃO; QUERERÃO POSSUIR OS CÉUS; QUERERÃO ASSENTAR-SE A MEU LADO MESMO SEM MERECER; MAS DECAIRÃO COMO LÚCIFER; POIS, HOMENS E ANJOS, FORMEI-OS DE TODO LIVRES, E LIVRES SERÃO SEMPRE, MESMO QUE INSANOS”.

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    Sandro CôdaX

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    07 fevereiro 2010

    "Solombras".

    “Levantei os olhos para ver quem falara.
    Mas apenas ouvi as vozes combaterem.
    E vi que era no Céu e na Terra.
    E disseram-me: Solombra!”

    Cecília Meireles.




    Se em dias frios, sem sol,
    tu sentes a falta do conforto de alguém;
    erga a cabeça, e lembre-se:
    haverá ainda muitos dias ensolarados.

    + + + +

    Pernas que nos levam,
    pernas que sustentam.
    Firme o passo,
    acerte o rumo.

    + + + +

    Não repares muito
    àquele que consideras feio,
    pois talvez a feiúra verdadeira
    esteja dentro de ti mesmo.

    + + + +

    Tanto tempo passará,
    até entendermos,
    o tempo que desperdiçamos,
    o tempo todo.

    + + + +

    O futuro, quando temido, torna o presente pedante.
    O presente, quando temido, torna o passado saudoso.
    Já o passado, quando trás temor, torna o presente e o futuro incertos.

    + + + +

    Trágico não é morrer. Trágico não é perder a vida.
    Trágico mesmo, é morrer sem ao menos ter vivido.

    + + + +



    PS: Solombra é o nome de um livro de poemas de Cecília Meireles, do qual trago gratas lembranças, e por ter entendido a ele como um verdadeiro compêndio de idéias; resolvi regurgitar algumas idéias que andam, andaram, ou ainda andarão, por minha insana cabeça.


    Conforme for substituindo as citações da coluna, vou acumulando aqui no post, para que ninguém perca nenhuma. Se não tiverem lido alguma , ou se quiserem ler novamente, é só vir no post.










    Marcadores: , , , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    8:35 PM 11 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    22 dezembro 2009

    "Assim Falou Bábel".


    CRISTO E A ABELHA.


    ...Quando Cristo sofria na cruz, mosquitos de toda espécie o rodeavam, atormentando-o. Mas a multidão de mosquitos não via os seus olhos.
    Uma abelha também voejava em torno de Cristo.
    “Pica-o”, gritavam os mosquitos para a abelha: “Pica-o e nós nos responsabilizamos”.

    “Não posso”, diz a abelha, voando acima da cabeça de Cristo, “Não posso! É um carpinteiro como nós!”.


    + + + +


    Isaac Emmanuilovich Bábel (Odessa, 13 de Julho de 1894] — Moscou, 27 de Janeiro de 1940) foi um escritor e jornalista russo.É considerado o primeiro escritor de importância a emergir da Revolução Russa. Sua obra prima é Cavalaria vermelha, um livro de contos baseados na guerra civil, escritos num estilo bastante rico. Misturam, de forma contundente, violência e romantismo , lirismo e barbárie. Sua técnica utiliza a inesperada oposição de imagens, numa das prosas mais vivas já escritas na Rússia. Possuía um grande poder de concisão - alguns de seus contos têm apenas uma página. Seu outro grande livro chama-se Contos de Odessa: divertidas histórias de "gangues" de judeus ambientadas na cidade de Babel. Morreu em 1940. Sua obra completa não chega a preencher mais do que um livro de bolso, porém esta medida é suficiente para reconhecê-lo como um dos melhores escritores do século XX.O livro conhecido em todo o Ocidente como "A Cavalaria Vermelha" foi traduzido diretamente do russo para o português por Aurora Bernardini e Homero F. de Andrade, e recuperou o título original "O Exército de Cavalaria". No Brasil, também foi publicado o livro "Maria", com cinco contos e uma peça de teatro.(Fonte: Wikipédia)

    Marcadores: , , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    10:53 AM 9 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    22 novembro 2009

    O Fígado Controla o Homem



    o fígado controla o homem
    o domador do homem é seu fígado

    uma noite alcoólica desregrada amarga a língua
    uma noite amorosa desastrada amarga a vida




    Marcadores: , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    11:33 AM 0 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    31 agosto 2009

    Graciosas Desgraças de Hienas



    Oh, graças dou as hienas
    Oh graciosas hienas pátrias
    Que riem de tudo
    Como se tudo fosse escárnio

    Oh, graças dou as hienas
    Oh graciosas hienas pútridas
    Que riem dos loucos
    Loucos discursos do rei

    Oh, graças dou as hienas
    Oh graciosas hienas xucras
    Que riem para um rei
    Que não tem senso nem dedo


    E graças dou as hienas
    Graciosas hienas flácidas
    Que riem com a corte
    De déspotas senadores

    E graças dou as hienas
    Graciosas hienas falsas
    Que riem com a boca
    Cheia de logro e carniça

    E graças dou (ainda) as hienas
    Graciosas hienas sem alma
    Que riem do povo
    Rebanho de reses famintos


    Oh, graças dou as hienas
    Oh graciosas dementes hienas
    E graças dou as hienas
    Graciosas desgraças de hienas





    Marcadores: , , , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    9:19 PM 6 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    21 junho 2009

    Muito Além do cidadão... (Ivanovitch)



    Olá nau insana! Como estão?

    Fuçando em meus arquivos e backups (devido a um problema em meu computador, o que acabou me mantendo afastado aqui da homeblog por mais tempo que eu desejaria), acabei me deparando com um e-mail antigo, que enviei a meus amigos, pouco depois de terminar de escrever meu livro (O HOMEM QUE SABIA MENTIR).
    Usando de uma cara-de-pau (delavada!), junto ao comunicado de que havia escrito uma obra literária, e de um arquivo digital do livro, fiz o pedido de contribuição (simbólica) para poder publicá-lo.
    Segue o e-mail na integra:



    "Campos do Jordão, 20 de setembro de 2002.
    Caríssimos amigos e amigas,

    Quis o destino, me arrastar por caminhos dos quais nunca imaginei trilhar, me fez entrar neste mundo de sonhos e fantasias, de glórias e derrotas, onde simples personagens ganham vida, onde simples mortais tornam-se deuses.

    Espero que você goste de literatura, pois estou lhe mandando em primeira-mão, meu livro de estréia: "O Homem Que Sabia Mentir", e espero também que você possa lê-lo. Eu pretendo editar o livro o mais rápido possível, e para isso estou pedindo uma contribuição simbólica (sei lá, 5 reais por exemplo); claro que você não tem obrigação nenhuma de contribuir, leia primeiro e depois você poderá decidir se é válido contribuir ou não, pois o mais importante de tudo, é saber que você dispensou um pouco de sua valiosa atenção a este humilde servo que vôs fala.

    Ah! Convém salientar que, as primeiras cinquenta pessoas que contribuirem com meu livro, terão o nome publicado no mesmo, caso ele venha a ser publicado (como grandes contribuidores para a realização de um sonho), e os vinte primeiros além de terem o nome publicado no livro receberão também o livro já editado e autografado por mim junto com minha dedicatória e a mais profunda gratidão.

    Então caso você venha a contribuir, mande-me um e-mail com o valor, o dia do depósito e o número da agência em que foi realizado o depósito para que eu tenha o controle. E mande-me também seu nome completo e endereço, para que eu possa dar os devidos créditos a esse nobre gesto, e para que possa lhe enviar o livro já editado.


    [ Suprimido os dados bancários ]

    E caso deseje, envie este e-mail para seus amigos que gostem de ler.

    Antecipo meus agradecimentos, por tudo e por sua amizade.

    Obrigado, ..."

    Marcadores: , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    5:52 PM 7 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    24 abril 2009

    "Assim Falou Bábel".


    O FILHO DO RABINO.

    “Lembra-se daquela noite, Vassili? Para além da janela, os cavalos relinchavam, e os cossacos gritavam. A selvageria da guerra abria as mandíbulas além da janela, e o Rabino Motale Bratslavsky orava junto à parede leste, afundando os dedos amaciados em seu talete. Quando se descerrou a cortina da Arca, vimos, à luz funérea das velas, os rolos da Tora, em capas de veludo púrpura e seda azul. Curvado sobre a Tora, inanimado, resignado, o belo rosto de Elias, o filho do rabino, último dos príncipes da dinastia”.

    Assim, Bábel, nos apresenta o jovem Elias, quando de seu primeiro encontro. E enquanto percorria a Rússia, de trem, esta monstruosa e inconcebível Rússia, que – utilizando de suas palavras – pisoteava com sapatos de líber aos desgraçados da guerra, que como uma multidão de percevejos, assolados pelo tifo e carregando o costumeiro peso da morte, se amontoavam dos dois lados da linha férrea, mendigando migalhas dos soldados. Pois, dentre estes, Babel logo reconhece Elias, o filho do rabino.

    Com o coração cortado, e contra todos os regulamentos, fez Elias subir ao carro do trem. Depois de bater com os fracos joelhos, como as de uma velha, ajudado por duas datilógrafas de busto saliente, Elias deixa arrastar pelo chão seu humilhado corpo de homem agonizante e derrotado. Estava vestido com farrapos, com as partes púbicas a mostra. Era observado bobamente pelas duas moças – que também já não serviam mais para nada – e que não paravam de olhar com curiosidade para os órgãos sexuais de Elias, sua virilidade mirrada, os pelos encaracolados e sujos, de um semita destruído.

    A tudo isso Babel olhava desconsolado, arrumando os poucos pertences do pobre soldado da monstruosa e inconcebível Rússia. Um melancólico sereno da tarde lavava a poeira dos cabelos de Babel, que perguntou ao jovem miserável que agonizava: – Numa sexta-feira, há quatro meses, Gedali, o velho negociante de roupas, levou-me a casa de seu pai. Mas você, não pertencia ao partido...

    – Sim, pertencia ao partido... – respondeu o rapaz, arfando o peito, tremendo de febre. – Mas não podia deixar minha mãe.

    – Mas agora, Elias?

    – Quando há uma revolução [diga-se, uma guerra], uma mãe é um episódio apenas – ele murmurou, com voz cada vez menos audível. – Chegou-se a letra de meu nome, e a Organização me mandou ao front....

    Pouco depois, Elias veio a falecer. O último dos príncipes, sepultado em uma estação qualquer, esquecido.

    É assim que Babel nos transmite a triste certeza, de que, na guerra, não há vencedores; e a única glória, a única recompensa e consolo, é morrer – desgraçadamente – como herói.




    Marcadores: , , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    11:54 PM 0 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    22 março 2009

    HQ: Que Jóia!



    Olá Amigos. Peço desculpas pela demora em postar mais quadrinhos.
    No entanto, tá ae. Demorou mas saiu mais um.
    espero que gostem. Abços.


    [ clique aqui ou na imagem para ampliar ]





    Marcadores: , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    8:01 PM 7 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    13 março 2009

    O Doce Cheiro do Medo.

    “A forma é sempre incerta,
    o céu sempre longe e a vida sempre alheia”.

    F. Pessoa




    Gosto do gosto amargo da boca molhada.

    Da pele

    Que fere

    No toque

    ... de suas mãos.





    Do instinto ferino que exala de minha amada.

    Da dor

    De se impor

    No momento

    ... a razão.




    Gosto da falta da calma na alma já deflagrada

    Do susto

    Que sinto

    N’ausência

    ... em meu coração.




    Gosto do instinto da falta do gosto ferino da calma na boca

    Que exala na alma molhada de minha amada já deflagrada.


    Da pele

    Da dor

    Do susto.






    Marcadores: , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    9:17 PM 1 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    03 março 2009

    Coleciono Pedras, Amores e Outras Decepções.


    Tenho a mania de colecionar pedras. Todo tipo de pedras. Sempre que encontro alguma que me chame a atenção (e por muitas vezes, mal sei por que me chamam a atenção), eu as guardo, mas não por muito tempo, pois sou um colecionador estranho: fico com a pedra durante um tempo dentro de meu bolso ou sobre minha mesa de trabalho, por vezes, durante muito tempo dentro de um porta-caneta. No entanto, chega um momento que me enjôo desta pedra – ou quando a descubro guardada, passado um período – me livro dela, como se ela nada me dissesse, ou nunca tivesse me interessado. Pois coleciono estas pedras (agora me recordo) mais para guardar a sensação de algum momento, tipo: pego a pedra e fico a lhe alisar guardando em minha memória a sensação tátil, junto ao sentimento que me dominava naquele certo momento, e para que depois, quando voltar a alisar a pedra, possa me recordar dos sentimentos e sensações que tive naquela oportunidade. Mesmo assim quase nunca me apego a estas pedras por muito tempo, logo as descarto como se nada fossem, lhes trocando nos dias seguintes por outras que descartarei sem remorsos, e depois outra, e outra, e outra...
    E é assim que coleciono pedras. É assim que coleciono amores; é assim, que coleciono... decepções.


    OBS: Texto postado originalmente no blog "alma Poética", da amiga Keisy Santos [ http://keisysantos.blogspot.com/ ]




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    11:04 PM 1 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    19 fevereiro 2009

    Pesquisa de livros do Google


    Olá nau insana!

    Andei fuçando no site de pesquisa do google e achei muito interessante. tem uma boa funcionalidade. E, vejam só, o que encontrei: temos até uma página de referência a o livro de mestre Côdax; e o mais curioso, é que o livro original utilizado para a digitaslização, é um livro da biblioteca da UNIVERSIDADE DO TEXAS. Muito loco! O homem que sabia mentir, é livro de estudos nos Estados Unidos. (MORAL HEIN MANO!)
    Muito curioso dêem uma olhada.

    abraço a todos.






    Marcadores: , ,




    // Rabiscado por Lemmy
    9:51 PM 3 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    08 fevereiro 2009

    "Na Incoerência das Eras".



    “Quero ir com aquela a quem amo.
    Não quero calcular o que custa
    Não quero averiguar se é bom
    Não quero averiguar se me ama.
    Quero ir com aquela a quem amo”.

    Bertold Brechet





    Segundo semestre do ano de 1987.

    Foi através de um acidente, ou melhor, foi através de uma tragédia, que se conheceram. Ele um operário, assalariado, morador da periferia; ela, uma senhorita fina, de uma família abastada, moradora de uma belíssima residência.

    O nome de nosso personagem, era José, assim como poderia ser Antonio, Benedito, João, Raimundo, mas era mesmo José – tinha cara de José. A fina senhorita, tinha o nome de Samantha, e Samantha com TH – era costume, naqueles anos, as famílias ricas darem nomes “americanizados” a seus filhos.

    A morte de um ente da família de José, foi que os uniu. Velório, tristeza, melancolia. Entretanto, o amor é mesmo sorrateiro: nem pediu licença e foi logo se metendo no meio da conversa. Pouco meses depois, já estavam namorando; mais alguns meses, e já eram noivos.

    Quando se casaram, Samantha decidiu ir morar com o marido, na periferia, para espanto geral de sua abastada família – que até então, nada haviam se oposto ao casamento da filha com o operário José. A família não conseguia compreender como ela podia abrir mão da vida confortável que tinha, das mordomias e regalias que sempre tivera.

    Contudo, uma das maiores maravilhas da vida, se esconde mesmo no inusitado. Para Samantha bastava viver ao lado de seu amado, de seu doce e inigualável amado. Essa era a vida que desejava para si; não importando se morariam em palácios ou em casebres; se comeriam com talheres de prata ou, simples garfos de inox, de dentes tortos.

    Assim ficou decidido. A família, cordata como era, não objetou por muito tempo, e acatou a vontade de Samantha, lamentando apenas de terem que se apartar da filha que moraria em outra cidade, que distava alguns quilômetros.


    Os anos se passaram. Tiveram cinco filhos. A vida, apesar de alguns apertos, era boa para eles. Viviam em alegria constante. Quem os visse, durante aqueles anos, teria certeza que naquele lar reinava o amor e a paz. E quem visse Samantha, após ter dado a luz a cinco filhos, nem imaginaria a estirpe que possuía, pois, aquela altura de sua vida, ela não havia feito sofisticadas operações plásticas e estéticas, caríssimos tratamentos dentários; era, isso sim, o retrato de uma respeitável senhora, marcada pelos anos, pelas lutas, onde a vaidade dá lugar ao amor aos filhos, amor a família.
    E não se enganem: ela sabia ter feito a escolha certa.




    Marcadores: , , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    8:30 PM 2 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    15 janeiro 2009

    Delírios Musicais.


    BAILE BOSSA NOVA.

    Eu tenho uma cidade
    Uma alma e uma revolta;
    Um grito de “verdade”
    De garra e prazer.

    Os dias não são escuros
    Mas ainda vão escurecer
    O céu já está claro
    O sol já me avisou.

    Já viu tempestades
    Gritos de uma nação
    Medo de nuvens
    Em dias de trovão.

    Baile Bossa-nova pro pais do futebol
    Baile Bossa-nova pro pais do carnaval.

    E a voz da bossa-nova
    Sorriu e nos falou
    Que o baile da menina,
    Apenas começou.

    E a voz da bossa-nova
    Sorriu e nos contou
    Que o drama da menina,
    Apenas começou.

    Baile Bossa-nova pro pais do futebol
    Baile Bossa-nova pro pais do carnaval.

    Baile e Bossa-nova,
    Baile e Bossa-nova
    Pro pais do carnaval.



    composição de Luiz Diaz e Fernando Gonçalves.



    Marcadores: , , , , ,




    // Rabiscado por Anônimo
    12:14 AM 2 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    07 janeiro 2009

    Rês Rente a Rés.

    “Vexilla Regis prodeunt inferni”. [1]

    Dante Alighieri



    Você... sentado em um restaurante grã-fino. Nas ruas: frio, muito frio. Na calçada: mendigos; um casal de mendigos. Reviram lixeiras atrás de lixo reciclável. Súbito, olham para dentro do restaurante. Seus olhos cruzam com os olhos esfomeados destes. Você sente pena, uma vontade tremenda de levar-lhes um prato de comida; contudo, um pudor besta lhe impede. Súbito, um grupo de jovens, saem do bar deste restaurante: embriagados. Bagunçam, fazem arruaça. Assim que param na calçada, notam a presença do casal de mendigos fuçando nas lixeiras. Alterados pelo álcool, resolvem sarrear com os mendigos. Cercam o casal, espalham o lixo que estes haviam recolhido, fazem-lhes caretas, reviram suas roupas puídas, constrangendo a estes. Indignado, você usa seu telefone móvel e liga para a polícia, explicando o ocorrido. Por sorte, parecia haver uma viatura ali por perto, logo se vê o carro encostando. Os jovens se assustam e estacam, parados, como se não estivessem fazendo nada. Os policiais – eram dois – descem da viatura, e para indignação sua, vão rápido em direção ao casal de mendigos. Tratam a eles com agressividade, mandando que circulem, que saiam dali. Não sem antes lhes dar pescoções, tapas na nuca, e até, coturnadas. Você, completamente, indignado, se pergunta: “Que mundo é este!”.

    + + + +


    Nota: [1] Avançam os estandartes do rei do Inferno.




    Marcadores: , , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    9:58 PM 7 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    21 dezembro 2008

    "Assim Falou Bábel".



    BÁBEL E O CEMITÉRIO DE KOZIN.

    A força do texto de Isaac Bábel, por vezes, nos agride: tão forte, tão áspera, tão lírica. E o que dizer de sua descrição – de um sentimentalismo férreo, urgente, amargo e triste – do cemitério de uma pequena cidade judia, Kozin, localizada nas planícies cobertas de ervas daninhas da Volínia:

    “Pedras tumulares cinzentas, esculpidas, com inscrições de trezentos anos. Altos-relevos talhados no granito: cordeiros e peixes pintados sobre um crânio, e rabinos de gorros de peliça, rabinos com os magros rins cingidos por cintos de couro. Abaixo das faces sem olhos, a linha das barbas caracoladas esculpidas em pedra.

    A um lado, sob um carvalho atingido por um raio, fica a cripta onde jaz o rabino Azrael, morto pelos cossacos de Bogdan Khmelnitsky. Quatro gerações jazem enterradas nesta cripta, uma abóbada tão baixa quanto a morada de um carregador de água; a pedra tumular onde cresce a hera fala deles com a eloqüência de uma prece de beduíno.

    ‘Azrael, filho de Ananias, porta-voz de Jeová.
    ‘Elias, filho de Azrael, o cérebro que lutou sozinho contra o ouvido.
    ‘Wolff, filho de Azrael, príncipe arrebatado a Tora, em sua décima nona primavera.
    ‘Judá, filho de Wolff, rabino da Cracóvia e Praga.
    ‘Oh, morte, oh, cobiçosa, oh, ladra ambiciosa, por que não nos poupa, ao menos uma vez?’.”


    + + + +


    Isaac Emmanuilovich Bábel (Odessa, 13 de Julho de 1894 — Moscou, 27 de Janeiro de 1940) foi um escritor e jornalista russo.É considerado o primeiro escritor de importância a emergir da Revolução Russa. Sua obra prima é Cavalaria vermelha, um livro de contos baseados na guerra civil, escritos num estilo bastante rico. Misturam, de forma contundente, violência e romantismo , lirismo e barbárie. Sua técnica utiliza a inesperada oposição de imagens, numa das prosas mais vivas já escritas na Rússia. Possuía um grande poder de concisão - alguns de seus contos têm apenas uma página. Seu outro grande livro chama-se Contos de Odessa: divertidas histórias de "gangues" de judeus ambientadas na cidade de Babel. Morreu em 1940. Sua obra completa não chega a preencher mais do que um livro de bolso, porém esta medida é suficiente para reconhecê-lo como um dos melhores escritores do século XX.O livro conhecido em todo o Ocidente como "A Cavalaria Vermelha" foi traduzido diretamente do russo para o português por Aurora Bernardini e Homero F. de Andrade, e recuperou o título original "O Exército de Cavalaria". No Brasil, também foi publicado o livro "Maria", com cinco contos e uma peça de teatro. (Fonte: Wikipédia).




    Marcadores: , , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    4:08 PM 2 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    05 dezembro 2008

    "Na Incoerência das Eras".

    Paciência não deve ser negligência,
    Seja paciente, mas ativo.
    Doçura não deve ser tolice,
    Seja doce, mas letal.

    Carlos Castañeda


    Certo dia, de certo mês, de certo ano 2000.

    Conto agora, a história de Simão.
    Trabalhava em uma colônia de férias. Cidade litorânea.
    Não era o tipo de serviço que lhe agradava, no entanto, era o que havia conseguido para o momento. Fácil é de se prever que aquele trabalho não lhe trazia satisfação alguma.
    Contrapondo-se a estes fatos, havia as garotas... (sim, claro! sempre as garotas). Por se localizar em uma cidade litorânea, a colônia de férias recebia sempre grande quantidade de turistas, e dentre estes, grupos de jovens e belas garotas. Quando não estava trabalhando, Simão se encontrava com certa freqüência com muitas destas belas jovens. Rapaz atencioso, educado, e (por que não dizer) sedutor, vez por outro Simão acabava se relacionando com algumas delas.
    E é ai, que surge Tereza: uma bela e delicada garota de pele alva, cabelos negros, cortados baixinho, sorriso esplendoroso, e um caminhar de leveza anti-gravitacional. Tereza fazia parte de um grupo de turistas da capital do estado, e simpatizou-se de imediato com Simão, com quem passou a flertar, provocadoramente.

    Simão trabalhava no período matutino, até o meio da tarde, o que lhe proporcionava boas horas livres. Sendo assim, começou a participar das atividades do grupo de Tereza. O envolvimento dos dois foi inevitável. Passeavam na praia, frequentavam a noite litorânea, boates, bares, restaurantes. Tereza passou a exercer grande fascínio em Simão. Mesmo sem querer assumir um envolvimento maior com ele, Tereza agia dominadoramente, o que incomodava um pouco a Simão. E como nosso amigo era muito carismático e sedutor, foram várias as garotas do grupo de Tereza que passaram a flertar com ele também. Nestas situações, algumas amigas de Tereza brincavam com Simão, dizendo a ele que Tereza não ia gostar nada de saber sobre os flertes, coisa e tal. Simão sorria – um pouco surpreso, um pouco irritado – e respondia que não tinha dona. O fato de Simão ser desejado por outras garotas deixava Tereza enciumada, mas ela fazia questão de não demonstrar, dizia apenas saber que era a ela que Simão estava cativo.

    Simão percebeu que havia algumas controvérsias e inimizades naquele grupo de turistas. Inclusive, Tereza não simpatizava nem um pouco com uma garota chamada Jane, uma das mais belas garotas deste grupo. Já Simão, simpatizou-se com Jane, não apenas por sua beleza colossal, mas também por ser ela uma garota muito doce e serena.

    Neste meio tempo, Simão sentiu-se agastado com a presença de Tereza, que parecia querer ele sempre por perto, mas não lhe dava a atenção e carinho merecido em contrapartida. Sentiu-se um bobo na mão de Tereza, que hora lhe agarrava, para tê-lo a seus pés; e hora não lhe dava atenção alguma. Tereza parecia querer apenas lhe exibir para os outros, como quem diz: “Vejam, este tolo, ele é meu, faço dele o que bem entender”.

    Durante este período, quando não estava junto de Tereza, Simão não deixava de sair e se divertir. A noite litorânea era muito agitada e Simão aproveitava as noites sem peso na consciência. Em certa noite, Simão chegou na boate mais badalada da cidade, e não tardou em avistar Tereza. Sentiu necessidade de ir falar com ela – queira por certa obrigação, pelo envolvimento que havia entre eles; queira por gostar de Tereza, apesar de tudo, e por ela ser linda.
    Chegando na roda de amigos, Simão cumprimentou a todos, e deu um doce beijo de canto de boca em Tereza, que repeliu a ele. Simão sentiu-se confuso, quis saber o que havia acontecido, pois sabia não ter feito nada de errado.
    – Me deixa! – foi o que Tereza respondeu. – Que chatice, não enche!

    Simão sentiu-se surpreso – abismado, seria o mais correto dizer.

    Aquilo foi como uma punhalada no peito de Simão: “Quem esta doida pensa que é?”, ele se indagava. Não pensou duas vezes, afastou-se de Tereza no mesmo momento, com uma vontade louca de lhe cuspir nos pés, tão revoltado estava.
    Ah...e orgulho como só, Simão resolveu mostrar a Tereza que pouco se importava com ela – o que talvez não fosse verdade –, e aproveitou para curtir adoidado com as garotas que vinham flertando com ele. Dançou colado se esfregando a elas, curtindo seus corpos tenros e perfumados. Beijou muitas delas. Passou quase toda a noite assim, se deliciando com belas garotas que se extasiavam em ver Simão com todo aquele fogo, e que também iam ao deleite. Mesmo assim, conforme se aproximava o final da madrugada, Simão foi sentindo um certo inconformismo. Apesar de tudo, aquela atitude tomada não estava lhe agradando: sentiu-se vazio.
    Parou, de súbito, como que perdido. A tristeza resolveu lhe abraçar; a angústia apossou-se de seu coração.

    Uma roda de garotas – que também pertenciam ao grupo de Tereza – acenaram para Simão, lhe chamando. Talvez tentassem tirá-lo daquela súbita tristeza que lhe era latente em seu rosto, em seu corpo, naquele momento. Talvez mesmo, nem nada tenham percebido, na verdade.
    O fato é que Simão chegou até a roda de garotas; e Jane, a bela, a colossal Jane, estava entre elas. Passaram a conversar sobre assuntos diversos. Simão mal percebia, mas (parecia já estar tudo combinado), pouco a pouco, as outras garotas da roda foram saindo, uma a uma, até que por um momento, Simão notou estar apenas ele e Jane, juntos e bem próximos. Jane estava encostada em uma parede, com um dos pés apoiado na mesma. Simão, por sua vez, estava bem a sua frente, com o rosto quase colado ao dela; uma das mãos ele apoiava na parede, a meio palmo da delicada orelha de Jane. Quando deu por si, Simão assustou-se com toda aquela proximidade, não sabia o que fazer. Porém, abismado mesmo ele ficou, quando um inevitável beijo, aconteceu. Nos dias subseqüentes, recapitulando aquele momento mágico, Simão teve certeza que Jane havia armado toda aquele estratagema para lhe fisgar.

    E foi isso mesmo: Jane desejava Simão, e não fez cerimônia. Ficaram o resto da noite aos beijos e carícias. Que mulher esplendorosa era Jane, farta de carnes, de caricias, de desejo. Para Simão, foi como um alento, foi como um resgate.

    Em certo momento os belos amantes encontravam-se sentados em um confortável sofá: Jane sentada no colo de Simão, lhe dando beijocas em sua orelha, pescoço, olhos, boca – toda manhosa, sabedora de seu poder. E como que por maldade do destino, naquele exato momento, enquanto os dois se divertiam risonhos, Tereza passou bem em frente ao sofá, e os viu. Por sobre o ombro de Jane, Simão também avistou Tereza. Por incrível que parece, ele não se sentiu vingado, não se sentiu bem com aquilo – pois, ele estar aos beijos com a maior desafeta de Tereza, parecia sim, ser vingança. Ao invés disso, Simão sentiu-se até desgostoso com aquela situação, e sentiu-se triste – não consigo mesmo, mas triste por Tereza, por contatar que ela sofreria muito ainda na vida, se não modificasse esta sua conduta mesquinha e orgulhosa.

    Apesar de tudo, o final da noite não poderia terminar melhor. Embalados pelas loucuras da juventude, pelo desejo febril de seus jovens corpos e seus sonhadores corações, Jane e Simão, voltaram juntos para a colônia de férias; e mais: enquanto Jane rumava para seu apartamento, Simão subiu pela escada de serviço e foi até o apartamento em que Jane se hospedava. Quando bateu a porta, Jane já esperava por ele.

    Nem é preciso dizer a fantástica e prazerosa noite que ambos tiveram. Eram os donos da noite, donos e soberanos. Nem se importaram com o perigo de serem descobertos, nem se preocuparam com nada. Importava, isso sim, transformar um ao outro nas pessoas mais felizes de toda a divina criação.

    Viraram a noite juntos, dormindo abraçados. Simão só saiu do quarto, quando já era hora dele trabalhar. Nunca em sua vida, trabalhou tão feliz naquela colônia de férias como naquele dia.
    Antes ainda de sair, Simão notou algo que lhe chamou a atenção. Quando correu seus olhos por uma das duas camas que havia ao lado da cama de Jane, notou aos pés desta, uma mochila aberta com vários pertences, e dentre eles um porta retrato de uma senhora grisalha abraçada a uma bela jovem de pele alva, cabelos negros, cortados baixinho, sorriso esplendoroso. Por uma grande... por uma enorme ironia do destino, aquela jovem abraçada a senhora grisalha, era Tereza. Tereza era uma das garotas que dividia o quarto com Jane.
    Simão ficou estático por alguns instantes, não podendo crer naquilo. Por fim, procurou não pensar mais neste fato. Escreveu um bilhete, voltou-se para Jane que dormia como um anjo, deu-lhe um leve beijo em seus lábios e deixou sobre o travesseiro que usara, o bilhete que escreveu, com as seguintes palavras:

    “Havia em meu frágil peito
    Um vazio do tamanho de um oceano.
    Mas um simples brilho de teus olhos
    Inundou o oceano do meu coração,
    Enchendo-o de paz, alegria, felicidade e amor;
    Pois essa é uma noite sem fim... e o mundo...
    De hoje em diante, a nós pertence”.
    Simão.


    Ainda há esperança para o amor, neste mundo.




    Marcadores: , , , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    9:16 PM 2 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    12 novembro 2008

    Da árvore que há em nós



    A queda é livre
    O vôo
    Raro

    Cláudio B. Carlos (CC)



    Há uma semente dentro de mim
    Que algum deus plantou,
    Cresce no estômago fincando raízes.
    Temo não saber o que é: ou, quê.
    Brota, talvez, a própria morte.
    Talvez apenas um inconformismo
    Um misto de cisto e vômito
    De amargura e dor e tristezas.


    E se for a vida? (como a morte da antiga,
    Como o nascer de uma outra).
    E se me reviro por dentro,
    Lançando galhos novos e novas folhas
    Por entre entranhas e pomos pulmões,
    Varando as veias em veios.
    Meus dedos são como brotos novos,
    Ou nada, nada... OU MESMO NADA.


    Caso fosse erva daninha, trepadeira qualquer
    Talvez já tivesse tomado conta de mim,
    Me transformado em muralha, coberta de verde –
    Uma dupla perfeita, tipo: araucária e bromélia.
    Mas nada, digo: NADA MESMO.
    Me transformo por dentro
    E sei bem, em quê.
    Mudo, transmuto, me transformo por dentro.
    Mudo transmuto em Cedros Vermelhos.


    OBS: Poema publicado originalmente no blog "Cedros Vermelhos", de Flávio Circini [http://flaviocircini.blogspot.com], em comemoração ao aniversário do sítio eletrônico.

    Marcadores: , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    11:08 PM 3 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    30 outubro 2008

    SD: Hq "Você" - Raul Seixas



    Recentemente, li o livro "O Baú do Raul Definitivo", sobre o mestre Raulzito (recomendo a todos! compre aqui), e achei fantástico este quadrinho feito por um tal de Baron Draco, ao qual pesquisei na net e não achei nada a respeito.
    O quadrinho é feito em cima da música "Você", do disco "O dia em que a terra parou".
    Apreciem.






    Marcadores: , , ,




    // Rabiscado por Lemmy
    9:37 PM 2 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    15 outubro 2008

    Delírios Musicais.



    PÉS DE PORTINARI.


    Parei um pouco hoje
    Para refletir e pensar
    Pois me vejo, hoje,
    Sem saber por onde andar
    E buscar, e lutar e sonhar...

    Me sinto um cara estranho
    Procurando sempre um par
    Vivendo em um mundo estranho
    Sem saber com quem contar...
    E dançar, e lutar e sonhar...


    Sonhar com quê?
    Lutar pelo o quê?
    E buscar, e dançar?
    Dançar com quem?
    Buscar alguém?
    E lutar? E sonhar?


    Sonhei um pouco, hoje,
    Com um mundo melhor
    O céu está claro hoje
    E eu pensei em meu amor...
    E em dançar, em lutar, em sonhar...

    Sonhar com quê?
    Lutar pelo o quê?
    E buscar, e dançar?
    Dançar com quem?
    Buscar alguém?
    E lutar, e sonhar?


    Como pôde ela hoje,
    Tocar em minha face?
    E gostar de mim, hoje,
    Se tenho, uns pés, de Portinari?


    composição de S.C.



    Sobre a música: Conseqüência de uma ressaca monstro ao despertar. Imagine a cena: A cabeça latejando, a boca seca, o estômago a revelia; no entanto, para compensar, a lembrança de ter dançado, e estado, com uma maravilhosa garota na noite anterior. Olho então para meus magros e feios pés, descobertos, e penso: “Como pôde ela gostar de mim, se tenho uns pés de Portinari?”.

    Marcadores: , , , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    8:12 PM 2 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    07 outubro 2008

    Apenas Sozinho

    Por vezes raciocino
    Mas não penso em nada

    Por vezes escrevo
    Mas apenas rabisco

    Por vezes vivo
    Mas apenas mato

    Por vezes acompanhado
    Mas apenas sozinho




    Marcadores: , , ,




    // Rabiscado por Anônimo
    11:06 PM 3 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    21 setembro 2008

    "Na Incoerência das Eras".




    “Vim da taverna ébrio de impossível;
    pisando sonhos, beijando vento,
    falando as pedras, agarrando os ares...
    – Oh! Deixe-me ir para onde for...”

    Cecília Meireles.

    19 de agosto de 1998.

    Mais uma noite?! É claro que eu to afim!
    Mais uma dose?!... Bem, bem... sejamos cidadãos conscientes... No entanto, quando quatro caras se reúnem para uma noitada sem destino, de farras e badernas, tudo pode acontecer.
    E ali estavam os quatro amigos: sem lenço, sem documento. Desciam a serra, rumando a uma já tradicional festa, que se realizava anualmente em uma cidade vizinha, e que atraía pessoas de toda a região. Amigos de longa data, longas farras, já haviam vivido aventuras memoráveis – quando mais importa com quem se divide as experiências vividas do que a própria aventura em si.
    O céu era um breu só, perfurado por estrelas. Fazia frio. No rádio do automóvel: rock do bom; o foco da noite: cervejas e mulheres (não necessariamente nesta ordem).


    Assim que atingimos o destino, o pelotão zarpou do veículo, e já munidos de latas de cerveja fomos dar uma volta, em reconhecimento do terreno, batendo em busca de pontos estratégicos para o ataque ao alvo (ou seja, as mulheres).
    Vez por outra, testávamos nossas miras e táticas em algumas belas garotas que nos circundavam, rendendo boas risadas, foras e podadas destas. Dentre nós, o mais cara de pau era o amigo Joe, que se ria de tudo.
    Após várias latas, nos encontramos desprovidos de nossa guarnição de cerveja, e já bem alegres, decidimos rumar sem tardança para um bar, tomar mais uma gelada. Sentamo-nos a uma mesa e pedimos cerveja, que logo foi derramada em nossos copos. Não sei qual dos quatro notou primeiro, o que importa é que logo notamos um grupo de garotas, sentado não muito distante de nossa mesa. Perdemos um bom tempo discutindo quem de nós tentaria uma aproximação com elas: eram quatro garotas. A demora foi tanta que por um momento pensamos ter desperdiçado a oportunidade de uma aproximação, pois as garotas logo se levantaram, aparentando estarem de saída. Para nossa surpresa, uma delas veio em nossa direção com uma garrafa de cerveja em mãos, e perguntou a nós se não queríamos ficar com aquela garrafa de cerveja, já que elas estavam de saída e ainda havia cerveja na garrafa. Foi a deixa que pedimos a Deus (Oh, Misericordioso!).
    Quem disse que deixamos que fossem embora?
    Não, não deixamos.
    O amigo que chamávamos de Dé não perdeu tempo, e propôs àquela bela garota ruiva que tomássemos a cerveja juntos (nosso grupo de rapazes e o grupo dela). Sem dar tempo para a ruiva pensar no assunto, o Dé, o Joe, e nosso outro amigo – apelidado de Science – já foram tratando de pegar seus copos e acompanharam a garota até a mesa dela, onde estava o resto das garotas, me deixando para trás, pois tive que recolher as duas garrafas de cervejas de nossa mesa, mais meu copo.
    Neste meio tempo, os três já haviam chegado na mesa das garotas. O primeiro a ser apresentado foi o Dé, que notou logo que uma das garotas era um pouco estranha. Já o porra loca do Joe, foi cumprimentando uma por uma dando beijinhos animados em seus rostos, até que ele chegou na garota estranha e se apresentou: – Olá, Sou o Joe, prazer em te conhecer – ele falou dando também três beijinhos calorosos no rosto da garota. Qual não foi sua surpresa quando ela falou, com uma voz de barítono:
    – Prazer, meu nome é ADILSON!!!

    Joe ficou todo constrangido, por ter dados três beijinhos naquele traveco (traveco não que é pejorativo: transexual, vamos dizer). O Dé e o Science que presenciaram a cena riram muito da cara do Joe, que ficou puto da vida.
    Mas seu embaraço logo passou, ele tratou de se sentar ao lado da ruiva que tinha ido até nossa mesa, enquanto os outros dois, trataram de se sentar cada um de um lado da mais lindas das garotas.
    Quando chego na mesa, todos já haviam se instalados, sobrando apenas uma cadeira ao lado do traveco (que bons amigos eu possuo não?), mesmo sem ter presenciado a cena do Joe com o ADILSON! – o que me foi contado apenas depois que as garotas foram embora –, assim que pensei em cumprimentar aquela garotona, percebi de cara que aquilo ali era um traveco, e que tinha caído numa cilada, feita, não sei se proposital, pelos malditos dos meus amigos. Constrangido com o fato, sentei-me quieto na cadeira, olhando cismado e meio de lado, para o ADILSON!
    Sentada na ponta extrema das duas mesas, que foram juntadas, estava a bela ruiva. Do seu lado direito uma outra garota, até que bonitinha, e depois vinha o Science. À seu lado seguia a mais linda das garotas – uma ninfeta maravilhosa: morena de cabelos negros e olhos azuis delicados – , e fechando o cerco a esta, vinha o Dé. Do lado esquerdo da ruiva estavam posicionados o Joe, o ADILSON!, e por fim, este pobre azarado que sou. Desta forma, as conversas e cantadas corriam. Apenas eu me encontrava isolado, tendo que disfarçar para não atrair a atenção do traveco Adilson (digo, transexual. Perdão).
    Era assim que seguia aquela noitada, até que, não mais que de repente, a ruiva dá um berro e levanta toda nervosa: – Porra meu! – disse ela. – O cara ta passando a mão na minha coxa!

    Era o Joe.

    A garota ficou revoltada. O Joe, por sua vez, ria sem parar de tudo, e continuou tentando se achegar a ela, que recuava.
    – Se afasta de mim! – dizia ela. – Tira suas mão de mim!
    – Calma ae gata! – Joe respondia, andando em sua direção, sarcástico. – Qual o problema nisso?

    O banzé estava armado. Na mesa, todos riam. A ruiva pediu ajuda a suas amigas; e vendo que o Joe não se conteria – embriagado como estava – o Dé decidiu socorrer a pobre e bela garota ruiva, seguido pelo Science, e pelo ADILSON!. Ficaram na mesa apenas eu, a garota bonitinha, e a bela, a graciosa morena de cabelos negros e olhos azuis da cor do mar.

    Oh, confusão abençoada!
    Era tudo o que eu precisava para ver minha noite salva.

    Não pensei em mais nada, tratei de pegar meu copo de cerveja – única e verdadeira companhia que tinha naquela mesa, até então – e fui sentar-me ao lado da radiante moreninha de olhos azuis, que agora estava livre do cerco feito por meus amigos sacanas. Sem perda de tempo, elogiei seus belos olhos, sua beleza, e como quem não quer nada, passei o braço por detrás do encosto de sua cadeira, para manter uma maior aproximação. Enquanto o Joe corria atrás da ruiva, rindo sem parar, e seguido pelos outros, que tentavam impedi-lo, eu me esforçava ao máximo para ganhar a confiança da minha moreninha dos sonhos. Fui um verdadeiro cavalheiro (cafajeste, mas cavalheiro): lhe ofereci minha blusa quando ela reclamou de frio, servi-lhe mais cerveja quando me pediu, e prestava atenção a cada palavra que dizia, sorrindo-lhe sempre. Minha total atenção dispensada a ela, pareceu começar a fazer efeito, pois ela passou a confiar em mim, me presenteando com seus maravilhosos sorrisos angelicais.
    Assim foi que não resisti por muito tempo: disse a ela o quanto adoraria dar lhe um beijo. Meu anjo de cabelos negros apenas olhou para baixo, sorrindo ruborizada. Delicadamente, peguei em uma de suas mãos, e quando ela tornou a erguer os olhos, aproximei meus lábios dos dela, que não resistiu.

    Não poderei descrever aqui a maravilhosa sensação que tive com aquele beijo. São coisas que nos aquece o coração, o corpo, e a alma.
    Quando terminou a confusão entre o Joe e a ruiva, todos voltaram à mesa – inclusive a garota bonitinha, que deveria ter se levantado, assim que eu e meu anjinho de cabelos negros e olhos azuis começamos a nos beijar.

    Pude ver a surpresa estampada no rosto de meus amigos, ao retornar. Por dentro, era como se eu pudesse dizer a eles: “Estão vendo? Não adiantou nada tentarem me sacanear e me passar para trás”.


    Pouco depois, saímos do bar e fomos em direção a grande praça onde ficavam as barraquinhas de comes-e-bebes da festa. Eu ia abraçado a minha bela moreninha, trocando beijocas e sorrisos. A ruiva ia com a cara fechada, enquanto meus amigos não paravam de rir, arruaceiros como só, se afastando por momentos de mim e das garotas, e... do ADILSON!
    Em certo momento, não me lembro se foi o Science ou o Dé, veio até onde estávamos e me chamou. Meus amigos queriam comprar algo, e como eu estava devendo uma grana a eles me vi obrigado a ceder. Corri de volta até minha querida morena e lhe falei que iria comprar algo com meus amigos, mas que logo voltava. Ela respondeu-me que tudo bem, pois já estavam indo embora, esperavam apenas o motorista do ônibus (logo notei uma concentração de pessoas próximas a roda de nossas garotas, deveriam estar todos esperando o tal do motorista).
    Pensei em mandar meus amigos as favas, e ficar ali com ela, até o motorista voltar, aproveitando aqueles últimos momentos de sua companhia. Mas ela insistiu que eu fosse com meus amigos. Vi em seus olhos que ela compreendia a importância da amizade que havia entre nos rapazes: era realmente um anjo.
    Ela quis me devolver a blusa, no entanto, recusei-me. Falei para não se preocupar, pois voltaria rapidamente, ainda em tempo de lhe dar um ultimo beijo de despedida. Ela me sorriu, como somente ela conseguia, e me envolveu o pescoço com os braços, me oferecendo seus úmidos lábios, para um beijo.
    Não recusei. Não recusaria nunca.


    E assim foi que rumei em auxílio aos amigos.
    Quando voltei, apressado, ela não estava mais lá.
    Tolo. Apenas eu não percebi, que para ela, o beijo que me deu antes de me afastar, já era o derradeiro beijo de despedida.
    Pena eu não ter me precavido antes, poderia ter pedido alguns dados para mantermos contato. Contudo a vida é assim mesmo: feita de encontros e desencontros.

    Talvez um dia, quem sabe, ela venha a ler estas mal traçadas linhas.




    Marcadores: , , , , , , , , , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    9:01 PM 5 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    24 agosto 2008

    Delirios Musicais



    COLOSSAL


    Eu vi a paisagem colossal
    De que nunca fiz parte
    Era um dia mágico
    O qual eu nunca tinha visto antes

    “A primeira vez que vi a garota colossal”.

    Tais montanhas brilhando antes de nós
    Todos os pilares de vida desaparecem ao longe
    De todas as coisas que preciso dizer, garota
    Todas estes troncos estão em meu caminho

    “A primeira vez que vi a garota colossal”.

    Bem, ela está correndo para as colinas novamente
    Você pode me dizer se ela voltará
    Ela deve ser a cria da mãe natureza
    Pois está correndo ao chamado selvagem
    Ela está falando com as árvores novamente
    Me dizendo que é uma delas
    Olhando para o pássaro na árvore
    Embora ela nunca irá me notar

    Oh, meu amor é uma confissão
    Eu apenas expressei de volta hoje
    Se eu tivesse um amor para te dar
    Você ainda assim o jogaria longe

    “A primeira vez que vi a garota colossal”.

    Você pode se lembrar da primeira vez que nos encontramos?
    Vivendo juntos em tempos colossais
    Algumas coisas são dadas sem razão
    Vivendo juntos em tempos colossais

    Sou apenas um cigano com olhos curiosos
    Contarei segredos a você que te adormecerá
    Tudo que posso te dar é todo meu amor
    Essas são as coisas que posso te dar que ficarão

    Wolfmother




    ++++

    PS: Colossal, é minha música preferida da banda australiana de hard rock (heavy clássico) Wolfmother, e faz parte do primeiro e, até em então, único disco que lançaram, em 2007. A banda Wolfmother tem um estilo retrô, anos 70, e que remete a Led Zeppelin, Black Sabbath, Deep Purple, Motorhead. Infelizmente, já não existe mais em sua formação original (coisa do show business). Foi o melhor achado (junto a uma banda carioca chamada Matanza) depois que descobri, meio que por acaso, uma estação de rádio chamada Venenosa FM. Muito boa. Rock clássico e alternativo, sem lugar para o jabá (como eles mesmos afirmam).
    Recomendo a todos que gostam do bom e velho rock’n’roll.

    PS 2: Quem sabe eu volte a falar sobre a Venenosa Fm, em um outro post, e Matanza também, por que não...




    ++++

    Outras letras: [ CLIQUE AQUI ]
    Site oficial da banda: http://www.wolfmother.com/




    Marcadores: , , , , , , , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    8:58 PM 3 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    21 julho 2008

    A Energumena Grei...

    Hospedaria.



    Quando sentimos o peso de nossos erros sobre as costas quando sentimos a aflitiva pressão em nosso peito por nossos pecados, não há cama macia que nos alivie o corpo, não há cobertor suficiente que nos aqueça a alma. Somos nós mesmos, os nossos maiores verdugos, pois de nossa consciência não há fuga. E ai daquele que ainda tentar resistir e se opor a seu castigo.



    Estava ele subindo uma encosta rochosa, muito íngreme, o esforço era grande e cansativo. Plínio suava bastante, e a toda hora, tinha que procurar com cuidado onde apoiar os pés e também suas mãos, pois estava praticamente escalando aquela encosta. Contudo, a difícil subida e o esforço físico estavam lhe agradando.

    Plínio continuou subindo até chegar à entrada de uma caverna. A princípio não tinha a menor idéia de onde estava; porém, sentiu uma vontade incrível de entrar naquela caverna. Não estava com medo, sentia até, uma certa satisfação em estar ali; talvez fosse pelo estado em que se encontrava, talvez pela vergonha que lhe dominava todo seu ser, não sabia bem o porquê, mas lhe agradava a idéia de se por caverna adentro.

    No fundo era devido à imensa vontade que ele estava de se afastar de tudo e de todos; de se esconder, para que ninguém pudesse ver o mísero e mesquinho ser que ele era; e para que ninguém pudesse descobrir seus erros e as péssimas ações que realizara nos últimos dias. Sentia que um ser tão baixo como ele deveria viver em uma caverna como aquela, longe do mundo, que estaria melhor sem sua podre presença.

    E foi com esses sentimentos que Plínio adentrou naquela caverna. Logo na entrada, pode ver a grande quantidade de papoulas que cresciam no local, em meio a outras plantas. Conforme ia entrando notou que uma densa névoa começava a se desprender do chão até quase a altura de seu peito. Era uma pesada névoa, mas que não impedia de se ver através dela. As sombras dominavam todos os cantos, havia apenas um fraco brilho de luz.

    As descrições desta caverna, não lhe pareceram estranhas, conhecia aquelas características, já ouvira falar dela, isso era certo. Com a curiosidade aguçada foi se entranhando mais e mais. O silêncio reinava soberano no fundo do rochedo, e só foi sutilmente quebrado, quando mais à frente, Plínio deparou-se com um rio de águas calmas; mal se ouvia o murmúrio das águas que corriam lentas e preguiçosas.

    Os olhos de Plínio começaram a pesar, começou a sentir-se sonolento. Foi então, que num rompante, sua memória abriu os braços, lhe sorrindo, acolhendo-o em seu peito. Foi só ai, que Plínio recordou-se daquela mitológica caverna: era a “Gruta do Sono”. Isso explicava as papoulas da entrada, de cujo suco, diziam, a Noite extrai o sono, para espalhá-lo a Terra enegrecida. E aquele rio, de mansas águas murmurantes, era o tão afamado rio Letes.

    Seu espanto foi grande, quando ele deparou-se com esse fato, pois ali estava ele, onde o deus Júpiter – ou Zeus – não ousa entrar, onde o galo não canta nunca, nem cão nenhum, nem ganso, nem nenhum outro animal perturba o silêncio. E foi com grande espanto e admiração que Plínio continuou sua exploração àquela mitológica gruta. Aos poucos os sonhos começaram a reunirem-se ao seu redor. Viu sorridentes sonhos infantis, de bochechas rosadas e com o semblante de anjos; jovens sonhos apaixonados de olhinhos brilhantes; sonhos libertinos de sorrisos lascivos; sonhos de conquistas de riquezas e amores; ambiciosos sonhos sorrateiros; sonhos malignos. Eram diversos e variados os tipos de sonhos que ele pode ver no reino de Hipnos, o deus Sono. Sentiu uma imensa vontade de pedir abrigo ao deus Sono, desejou viver imerso no rochedo, por toda a eternidade, para que a civilização nunca mais visse seu rosto, tanto era o constrangimento e a vergonha em que Plínio se encontrava.

    Enquanto caminhava, sentia o ar estagnado, ali o tempo não exercia seu poder, não conhecia passagem. E era a tudo isso que Plínio desejava se entregar, e onde pagaria seus pecados.
    Assim que chegou ao centro da caverna, Plínio viu um grande leito negro, adornado com cortinas de negro ébano. Viu Hipnos, o deus Sono, cochilando preguiçoso, ele revirava-se na cama despreocupado, com suspiros de satisfação.

    Plínio quis aproximar-se, para lhe render louvores e lhe pedir abrigo, mas foi impedido por dois de seus ministros: – O que pensas estar fazendo? – indagou em baixa voz, o que se chamava Ícelo.

    ­– Eu... – ia dizendo Plínio, mas foi interrompido pelo outro ministro do deus Sono, de nome Fantasos: – Cala-te! Não ouse pronunciar uma palavra se quer, produzir um ruído que seja, insolente!

    Plínio ficou atônito, começou a sentir medo pelo tom ameaçador dos ministros. Nisso, Morfeu, o mais famoso ministro do Sono, também se aproximou. Fez com que Plínio se afastasse do leito do deus Sono, e disse-lhe: – O que pretendes com tamanha insolência?

    – Procuro abrigo e refugio; um lugar onde enfiar este meu triste corpo, de onde nunca mais sairei. Sou apenas um vulto, uma sombra sem brilho, sem vida, e não há mundo melhor para eu, do que aqui! – respondeu-lhe Plínio.

    – Humanos sujos! Cometem todo tipo de perversidade, cometem os piores pecados e os piores erros, e depois se escondem de medo! Medo de enfrentar as conseqüências de seus atos! Acham que podem enganar ao cego deus Destino; pensam que podem escapar da espada da deusa Têmis, a Justiça! – Morfeu falava-lhe, severamente, enquanto Plínio ouvia tudo calado, pois sabia ter ele razão.
    – E tu pobre ser – continuou Morfeu –, achas que é este o quinhão que te cabes? Achas que é isto que o Destino te concederás? Esqueça! Entrego-te (isso sim!) às filhas da Justiça, filhas de Têmis. Tu cometeste péssimas ações, há de pagar por elas. Todos conhecerão e saberão de teus pecados, os olhos da deusa Fama já caíram sobre ti, e suas cem bocas incansáveis, se abrirão aos quatro ventos! Tu procuras as sombras, mas irá ver o sol arder sobre tua fronte, do seu nascer até o seu ocaso. Estará exposta tua vergonha, teus pecados e teus erros!
    – Vá-te daqui! – completou Morfeu.

    Plínio amedrontou-se, e horrorizado, viu-se cercado rapidamente por seus piores pesadelos. Figuras medonhas e ameaçadoras avançavam em sua direção. Viu a fome e a pobreza avançarem de mãos dadas, eram terríveis figuras sem carne, com a pele colada aos ossos, os olhos esbugalhados quase a saltarem de suas órbitas; viu também a velhice, com seu caminhar decrépito, sem dentes, os olhos esbranquiçados e com pouquíssimos fios brancos de cabelo em sua cabeça. Logo atrás vinha a terrível doença, com seu corpo todo murcho, sua pele coberta de feridas, era toda sangue e pus, caminhava arrastando uma perna, e tossia muito, escarrando sangue.

    Ele não suportou mais aqueles tormentos. Saiu correndo, caindo pelo caminho, pois suas pernas estavam moles devido aos efeitos soporíferos da Gruta do Sono. Seus pesadelos continuavam perseguindo-o. Plínio, não sem dificuldades, terminou por atingir a saída da gruta, mas ainda podia ouvir os medonhos uivos e as lamúrias de seus pesadelos, que continuavam em seu encalço. Desceu como pode a íngreme encosta da montanha. Ficou cheio de cortes pelo corpo e com a sola dos pés e a palma das mãos, em carne viva.

    Chegou esgotado aos pés da montanha: sem fôlego, sem forças, sem alento.

    Ficou caído ao chão por longos minutos, lamentando seu triste fado. Quis despertar logo deste terrível e angustiante sonho, mas era tudo em vão. Levantou-se com muito custo e começou a caminhar, arrastando seu corpo, sem rumo. Seus pés feridos causavam-lhe dores tremendas ao caminhar. Viu, logo à frente, um imenso campo de girassóis. Para todos os lados que olhava via-se um mar amarelo de girassóis: e para seu espanto, aqueles não eram girassóis comuns. Em seu estranho sonho, aqueles girassóis possuíam o rosto de pessoas. Cada girassol era como se fosse uma pessoa, com o rosto voltado ao céu, acompanhando o sol em seu trajeto.

    E Plínio ficou ainda mais horrorizado, quando viu dentre aqueles girassóis humanos, seu amigo Nelson. Correu então até ele: – Nelson que triste castigo é este meu amigo?

    – Este é o castigo dos ímpios e dos impuros! – respondeu-lhe Nelson, com tristeza em seus olhos, e com a cabeça voltada para onde estava o sol.

    – Não te entendo Nelson, como isso é possível?

    – Este é o castigo para aqueles que tentam esconder seus crimes meu amigo, assim como eu, e também você. O pior castigo para o criminoso que tenta se esconder é ficar exposto aos olhos de todos.

    Nisso, outro girassol-humano que estava ao lado de Nelson, interrompeu a conversa: – Não se engane Plínio aqui também é o seu lugar, ao lado de nós todos.

    Plínio reconheceu aquela voz e com grande pavor constatou o que já sabia – enquanto aquele girassol, com o rosto do Dagoberto, disparava uma gargalhada demoníaca.
    O sangue gelou nas veias de Plínio!

    – Você é tão sujo quanto nós, Plínio! – continuou Dagoberto – Querendo ocultar seu crime, sua culpa, querendo se esconder na escuridão. Terá por fim o mesmo castigo que nós: terá que fitar o sol por toda eternidade, para que a luz do Astro-rei, deixe amostra todos os seus crimes e toda sua vergonha!

    Em ouvir isso, Plínio começou a sentir algo em suas entranhas. Sentiu os pés grudados ao chão, e viu horrorizado, que os dedos de seus pés se convertiam em raízes e estavam adentrando a terra. Notou que sua pele estava ficando esverdeada, os cabelos transformando-se em pétalas amarelas. Tentou fugir, mas não pode; tentou gritar, mas faltou-lhe voz.

    Dagoberto continuava a gargalhar, e sua risada parecia a do próprio Demônio. Os braços de Plínio já não era nada mais que folhas; seu corpo, um longo talo sustentando a grande flor em que se transformara sua cabeça. Logo sentiu uma força incoercível, lhe forçando a voltar sua face para onde estava o sol.

    E aquele magnífico sol, que tem o poder de alegrar e de fortalecer ao homem puro, tem também a força de abrasar e queimar a alma do homem impuro e pecador. O que para uns é uma dádiva para outros é um castigo insuportável. Não há nada pior do que a radiante luz do sol, para aqueles que buscam a escuridão.

    A luz ofuscou seus olhos. A dor e o desconforto de Plínio era enorme; e enormes eram, seu desespero e sua vergonha.

    E era com extremo horror e vergonha que Plínio se via agora, tendo que contemplar a luz do carro do sol por todo o seu trajeto no céu.

    Faltou-lhe verdadeiros olhos humanos aquela altura: faltou-lhe lágrimas para chorar...

    * * *

    Plínio estava encharcado de suor quando despertou (gritando!) deste sonho, ou mais precisamente, deste pesadelo.
    Sentiu sua alma minúscula, sentiu-se o mais miserável sobre a terra.

    “Quantos erros, quanta vergonha!”

    Que merda de vida possuía ele, na qual nunca produzira nada de bom, tudo o que punha a mão, transformava-se em lixo. Era a triste e peçonhenta versão do rei Midas – que transformava tudo em ouro – só que nosso atormentado Plínio, transformava tudo em imundícies.


    Só despertou por completo, quando sentiu uma mão pousar-lhe em seu ombro.

    * * *


    __________________
    * Capítulo fragmento de um de meus romances já terminado, o qual pretendo publicar futuramente.





    Marcadores: , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    7:37 PM 6 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    09 julho 2008

    "Assim Falou Bábel".


    O SAL: DO ENGODO.

    Através de uma carta de Nikita Balmachev, Bábel nos conta a história deste. Rumavam para Berlichev, e tiveram o curso do trem interrompido por contrabandistas; nossos piores inimigos, subiram sobre os carros, apinharam-se na linha e todos tinhas sal nas mãos, sacos de mais de noventa quilos. Mas a vitória destes inimigos não durou muito.

    A iniciativa dos soldados, que haviam saltado dos vagões, vingou o insulto e reanimou as autoridades. Somente as representantes do sexo feminino permaneceram por ali, com seus sacos de sal. Algumas destas foram alojadas nos vagões, pelos soldados, por compaixão. No nosso carro, o do segundo pelotão, havia também duas pequenas, porém, ao primeiro sinal de partida, chegou uma mulher com aspecto de matrona, e uma criança nos braços. Diz:
    “Deixem-me subir, jovens cossacos, meus rapazes. Nessas estações temos passado pr grandes dificuldades, durante a guerra. E eu com resta criança nos braços. Preciso me encontrar com meu marido, mas é difícil viajar, nas estradas de ferro. E eu não merecia isso, meus bons cossacos, não lhes parece?”.

    “Boa mulher, responde Balmachev, no que o pelotão decidir estará o seu destino”.
    Volta-se então aos soldados, e explica a eles. Como era? Consentiriam ou não que ela subisse para o carro?

    “Deixe-a entrar, exclamaram os homens, Ela não quererá mais se encontrar com seu marido, depois do tratamento que lhe vamos dar”.

    “Isso não, Balmachev responde aos homens com toda a urbanidade. Com o meu respeito, membros do pelotão, mas estou admirado dessa grosseria de sua parte. Lembrem-se de suas vidas, que já foram bebês nos braços de suas mães, e assim compreenderão que não devem falar desta maneira”.

    Os cossacos discutiram uns com os outros e resolveram deixar a mulher subir, competindo entre si nas atenções que lhe prestavam.
    “Sente-se aí nesse canto, minha boa mulher, e agasalhe o bebê como fazem todas as mães. Ninguém lhe tocará; lhe disseram, chegará são e salva com é do seu desejo, e contamos com o seu reconhecimento, para dar ao mundo outros homens que nos substituam, porque os velhos já estão ficando mais velhos, e não há muitos jovens por aí.”

    Assim viajaram. O bom Balmachev não pregou o olho, passou a noite sem pegar cochilo. E quando já ao tocar da alvorada, quando instigado pelos cossacos, ele se escusou:
    “Meus respeitos, soldados. Com licença, deixem-me dizer ali duas palavras àquela mulher”.
    Assim aproximou-se da mulher, tirou-lhe a criança dos braços, rasgou as roupas que a envolviam, e descobriu um bom saco de sal.
    “Que bebê estranho, camaradas, disse ele, que não precisa mamar, que não suja as fraldas, nem acorda a gente com seu choro...”.

    “Perdoem-me cossacos, meus bons rapazes, interrompe a mulher com toda a calma. Não fui eu quem os enganou, e sim a dificuldade que em que me encontro”.

    “Balmachev desculpará todas as suas dificuldades, respondeu ele. Mas veja os cossacos, minha boa mulher, os rapazes que a puseram num pedestal, por ser uma mãe que trabalhou pela república. Veja essas duas moças que choram agora, pelo que lhes fizemos pela noite. Pensem nas esposas, que nos trigais de Kuban gastam suas forças sem seus maridos, e eles também sozinhos, vendo-se na dura necessidade de violentar as jovens que encontram. E ninguém lhe tocou, mulher malvada, e era o que merecia. Pense na Rússia, veja a Rússia esmagada de miséria...”.

    Após o colóquio, é escusado de dizer que Balmachev atirou a cidadã para fora do carro na plataforma, com o trem em movimento. Porém a mulher era grande e forte, apenas sentou-se, espalhou as saias e começou a dizer desaforos. E vendo aquela mulher ilesa, seguindo seu caminho, e a Rússia em seu redor, prosseguir de uma maneira que nem saberia descrever, os campos sem espigas de milho, as moças ultrajadas, e as multidões de camaradas que vão para o front, do qual poucos voltam, Balmachev teve o ímpeto de saltar do carro e pôr fim à sua vida, ou antes, a dela. Mas os cossacos tiveram pena dele. Disseram:
    “Liquida-a com teu rifle”.

    Assim, Balmachev tirou o seu fiel rifle, preso à parede do carro, e terminou por lavar aquela mancha da face da terra dos trabalhadores, e da república...


    + + + +



    Isaac Emmanuilovich Bábel (Odessa, 13 de Julho de 1894 — Moscou, 27 de Janeiro de 1940) foi um escritor e jornalista russo.É considerado o primeiro escritor de importância a emergir da Revolução Russa. Sua obra prima é Cavalaria vermelha, um livro de contos baseados na guerra civil, escritos num estilo bastante rico. Misturam, de forma contundente, violência e romantismo , lirismo e barbárie. Sua técnica utiliza a inesperada oposição de imagens, numa das prosas mais vivas já escritas na Rússia. Possuía um grande poder de concisão - alguns de seus contos têm apenas uma página. Seu outro grande livro chama-se Contos de Odessa: divertidas histórias de "gangues" de judeus ambientadas na cidade de Babel. Morreu em 1940. Sua obra completa não chega a preencher mais do que um livro de bolso, porém esta medida é suficiente para reconhecê-lo como um dos melhores escritores do século XX.O livro conhecido em todo o Ocidente como "A Cavalaria Vermelha" foi traduzido diretamente do russo para o português por Aurora Bernardini e Homero F. de Andrade, e recuperou o título original "O Exército de Cavalaria". No Brasil, também foi publicado o livro "Maria", com cinco contos e uma peça de teatro. (Fonte: Wikipédia)



    Marcadores: , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    12:13 PM 3 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    28 junho 2008

    "Na Incoerência das Eras".


    “Um pouco de pão, um pouco de água fresca,
    a sombra de uma árvore e os teus olhos!
    Nenhum sultão é mais feliz do que eu...
    Nenhum mendigo é mais triste...”

    Omar Káyyám.


    Noite Invernal, junho de 2008 .

    Sim, era inverno, início de inverno. Noite esplêndida. Madrugada fria. Olhávamos aqueles exércitos de estrelas; o universo girando e expandindo a nosso redor.

    Nesta época do ano minha cidade tem o céu limpo, abissal, gigantesco e espantoso, sempre a nos sufocar diante de nossa pequenez. E aquelas estrelas que forravam o céu como nunca, eram sim, exércitos. Talvez exércitos de anjos – ou de deuses – observando a nós, pobres mortais. Quem sabe nos estudando, invejosos, não nos compreendendo, perdido que estamos dentre nossos conflitos sentimentais e emocionais. Mas, esta era uma noite mágica, pois deitada naquele gramado havia uma linda garota a me acompanhar, compartilhando comigo da beleza daquela noite única. Sorríamos abraçados e de mãos dadas. Podia-se até sentir a umidade que exalava da grama verde. No entanto, isto não nos incomodava – já que estávamos prevenidos e bem agasalhados ante a severidade da noite –, muito pelo contrário, aquilo servia para nos unir mais ainda com a natureza que nos cercava, com o universo todo, que parecia pertencer somente a nós, naquela bela noite.

    E com certeza, espantados estariam os deuses, a me observar lá do Olimpo (no céu, visível mesmo, estava apenas o deus-pater greco-romano, pois era possível ver o planeta Júpiter, brilhando imponente entre a cauda da Serpente e as flechas de Sagitário), e estariam espantados, repito, sem poderem conceber como a vida na terra nos deixa a um passo do inferno (do coração das trevas), assim como a poucos segundos do paraíso, que quando chega nem demora tanto [ vide postagem anterior ].

    Digo isso tudo, porque há poucos dias atrás havia me sentido sim, às portas do inferno. Sei que pode ser exagero meu, mas é como sinto, desprezado que fui por uma bela garota que, naquele momento, detinha a posse de meu coração. Como é duro ser desprezado, incompreendido e descartado. Foi o inferno para mim. Contudo, passado esta semana, estes dias, cá estou tão perto do paraíso que bastaria um passo apenas para ser aceito no reino dos céus.

    E foi assim que beijei aquela linda garota que me aquecia o corpo e o coração; foi assim, em minha alegria infinita, que beijei a noite e as estrelas, daquele universo infinito.


    Aahhh... e quem me desmentirá, se disser, que até vi estrelas mudarem de lugar no céu, só para poderem nos observar melhor.




    Marcadores: , , , , , , , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    10:44 AM 5 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    20 junho 2008

    Delírios Musicais.


    INFERNO

    O inferno nem é tão longe
    Bem depois de onde nada se esconde
    Mais perto do que distante
    Não demora muito e ele chega pra qualquer um

    No coração das trevas estou
    E já não tenho mais direção
    Num labirinto sem cheiro e sem cor
    E o braseiro acendendo o chão

    O inferno nem é tão longe
    Bem depois de onde nada se esconde
    Mais perto do que distante
    Não demora muito e ele chega pra qualquer um

    O paraíso nunca vem de graça
    E quando chega, nem demora tanto

    Nação Zumbi


    PS: A poesia é como a flor do pântano, como a margarida, a maria-sem-vergonha, que teimam em nascer em qualquer lugar, em lugares inóspitos. Quando você menos espera, lá está ela... brotando. E quem já teve o privilégio de ouvir esta música da Nação Zumbi, sabe bem do que falo.




    Marcadores: , , , ,




    // Rabiscado por Lemmy
    2:26 PM 3 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    30 maio 2008

    "Tarde Ventibus Ossa" (1)

    “Erit tibi, fili mi, sucessor meus
    tanquam leo quaerens quem devorat”. (II)

    Stendhal



    parágrafo O sol radiava forte naquela manhã ponto Ela se levantou assustada quase gritando ponto Era o dia de seu casamento e um temor estranho e não muito claro insistia em lhe afligir ponto Ela não conseguia compreender bem o que era aquilo vírgula no entanto vírgula algo não ia bem ponto Talvez fosse algo referente ao que fizera nestes últimos anos travessão envenenando sua patroa dia-a-dia maligna e metodicamente ponto Contudo vírgula o que importava naquele momento é que era chegado a hora daquilo que ela tanto desejou e esperou ponto-e-parágrafo Lá estava ela vírgula na casa em que trabalhou toda sua vida ponto Foram quarenta e cinco anos de trabalho dois-pontos toda uma vida doada a sua patroa ponto-e-parágrafo Todavia vírgula ela se sentia bem valera a pena ponto-e-vírgula pois agora herdara tudo de sua patroa que não tinha mais ninguém na vida e deixara toda sua fortuna para ela ponto-e-parágrafo Mas falemos do casamento vírgula deste momento lindo e incomparável ponto Fora tudo lindo vírgula tudo mágico ponto Na lua-de-mel seu marido quis brindar com champanha travessão a verdadeira champagne francesa ponto Os olhos dela brilhavam em idílio mergulhados nos olhos dele ponto De súbito vírgula sentiu uma sensação estranha na garanta travessão como se estivesse se fechando travessão e o ar começou a lhe faltar ponto Tentou gritar sem voz vírgula suplicar sem palavras ponto Viu ainda o olhar alucinado e satisfeito de seu recém-casado marido ponto-e-parágrafo Não pôde pensar em mais nada vírgula seu corpo tombou estrondoso no chão travessão devido ao veneno que lhe tirava a vida ponto final

    + + + +

    NOTAS:
    (I) Aos que chegam tarde, os ossos.
    (II) Porque para ti, filho meu, o meu sucessor será como um leão furioso à procura do que devorar.

    Marcadores: , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    10:50 PM 5 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    29 abril 2008

    Delírios Musicais



    “In rivers and hill, in my soul
    Incredible worlds in my mind
    Born in the forest, born to be wild
    Thunders and a lightning in my brain
    Fear and pain, shadows in the sky
    Almost ever, tear in my eyes”.


    Sempre procuro uma explicação
    Sempre busco o meu caminho
    Sempre me sinto tão sozinho
    Sempre procuro o seu perdão
    Sempre...

    Quase sempre quero ti esquecer
    Meu coração não quer...
    Me obedecer.

    Sempre estou tão perdido
    Sempre ti quero a meu lado
    Sempre me sinto um derrotado
    Sempre estou, assim, fugindo
    Sempre...

    Quase sempre eu quero te ter
    Só que você, finge,
    Não me entender.

    Composição de S.C.



    Sobre a música: É um rockão, composto, inicialmente, a um certo estereotipo feminino. Feita de encontros e desencontros, é a busca pela parceira ideal, sem saber a quem – a pesar, de que conforme os versos eram escritos, a imagem de alguém foi se formando quase que por encanto, e ao terminar a última linha, eu já tinha a total consciência a quem escrevia.


    Marcadores: , , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    11:58 PM 2 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    16 abril 2008

    HQ: Uma Outra Pescaria.


    Olha, ae! As últimas do Manicômio Pindorama!


    Marcadores: , , ,




    // Rabiscado por Lemmy
    11:04 PM 2 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    18 março 2008

    "Assim falou Bábel".



    A VINGANÇA DE PRISHCHEPA.


    Há um ano, Prishchepa fugiu dos Brancos [reacionários]. Estes se vingaram, fazendo de seus pais reféns e matando-os. A propriedade da família, foi apreendida pelos vizinhos. Quando os Brancos foram expulsos de Kuban, Prishchepa voltou a sua aldeia natal.

    Amanhecia. Os camponeses ainda adormecidos suspiravam no mormaço sufocante. Prishchepa alugou um carro e saiu pela aldeia, juntando os objetos: o seu [velho] gramofone, os cântaros de madeira para o kwass e as toalhas que sua mãe bordara. Saiu pelas ruas vestindo um casaco de feltro, ao cinto uma adaga curva. O carro solavancava atrás de Prishchepa que foi de vizinho em vizinho, deixando após si o rastro de suas pegadas sangrentas. Nas palhoças onde encontrou utensílios de sua mãe, um cachimbo que fora de seu pai, esfaqueou impiedosamente mulheres velhas, pendurou cães sobre poços, conspurcou ícones, sujando-os de excrementos. Os habitantes da aldeia observavam as ações de Prishchepa, morosos, fumando seu cachimbo. Os jovens cossacos estavam dispersos pela estepe, fazendo a conta. O montão de objetos subia, e a aldeia permanecia em silêncio.

    Ao terminar, Prishchepa voltou a seu lar despojado e arrumou os objetos que trouxera nos lugares onde haviam estados, desde sua infância. Depois mandou buscar vodca, e se trancando na cabana, bebeu durante dois dias e duas noites; cantava e chorava, e destruía os objetos com seu sabre circassiano.

    Na terceira noite, a aldeia viu a fumaça subindo da cabana de Prishchepa. Dilacerado, queimado, cambaleante, o cossaco tirou a vaca do estábulo e matou-a com um tiro na boca. A terra fumaçava sob Prishchepa. Um anel azul de chama saía pela chaminé e dissolvia-se, ao passo que, na estrebaria, o novilho que ele havia deixado mugia lastimoso. O fogo brilhava tanto quanto um fogo de domingo. Então, Prishchepa desprendeu seu cavalo, subiu à sela, atirou nas chamas um anel de seus cabelos, e desapareceu.


    + + + +



    Isaac Emmanuilovich Bábel (Odessa, 13 de Julho de 1894 — Moscou, 27 de Janeiro de 1940) foi um escritor e jornalista russo.É considerado o primeiro escritor de importância a emergir da Revolução Russa. Sua obra prima é Cavalaria vermelha, um livro de contos baseados na guerra civil, escritos num estilo bastante rico. Misturam, de forma contundente, violência e romantismo , lirismo e barbárie. Sua técnica utiliza a inesperada oposição de imagens, numa das prosas mais vivas já escritas na Rússia. Possuía um grande poder de concisão - alguns de seus contos têm apenas uma página. Seu outro grande livro chama-se Contos de Odessa: divertidas histórias de "gangues" de judeus ambientadas na cidade de Babel. Morreu em 1940. Sua obra completa não chega a preencher mais do que um livro de bolso, porém esta medida é suficiente para reconhecê-lo como um dos melhores escritores do século XX.O livro conhecido em todo o Ocidente como "A Cavalaria Vermelha" foi traduzido diretamente do russo para o português por Aurora Bernardini e Homero F. de Andrade, e recuperou o título original "O Exército de Cavalaria". No Brasil, também foi publicado o livro "Maria", com cinco contos e uma peça de teatro. (Fonte: Wikipédia)



    Marcadores: , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    10:57 PM 6 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    24 fevereiro 2008

    "Na Incoerência das Eras".



    “... E eu vagabundo sem idade
    Contra a moral e contra os códigos
    Darte-ei entre meus braços pródigos
    Um momento de eternidade”.

    Bandeira



    15 de abril de 1981.

    Há um bom tempo aquela garotinha, no auge de seus seis anos de idade, já vinha reparando naquele menino franzino, de boné vermelho, uniforme azul-marinho. Apesar de sua pouca idade, aquela garotinha era muito inteligente e esperta – e também, possuía uma grande sensibilidade e já se sentia dona do mundo com seus seis anos de vida.
    Passava o tempo brincando com as amiguinhas que fizera ali na creche. Porém, volta e meia parava um pouco para observar aquele garotinho que tanto lhe chamava a atenção.

    Moravam em bairros diferentes, no entanto, o mesmo veículo ia buscá-los e levá-los embora. Ela notava que seu garotinho em especial, vivia tendo atritos com um outro garoto, que era um pouco maior que ele, e que vivia a lhe encher. Mesmo assim, a menina sentia-se orgulhosa por seu garotinho especial, pois mesmo sendo menor e mais fraco, ele não se intimidava, enfrentava ao outro assim mesmo. Às vezes, ela parava observando a ele por longos minutos. Via-o, junto a outros garotos, brincando uma brincadeira estranha naqueles trepa-trepa, onde todos subiam e um ficava embaixo tentando pegar aos outros. Pouco depois ela veio a saber que os meninos chamavam esta brincadeira de ‘jacaré’, e então deduziu que aquele que ficava em baixo era o jacaré, e tentava pegar aos outros – era uma espécie de ‘a caçada do jacaré’ – e quando ele pegava a outro que estava em cima, este passava a ser o jacaré. Mas os meninos que estavam em cima aprontavam muito com o que ficava embaixo: enchiam os sapatos de areia e batiam os pés com força no brinquedo, para derrubar areia sobre aquele que era o ‘jacaré’, e talvez até, derrubar areia dentro dos olhos deste, pra lhe maltratar. Das poucas vezes que seu predileto ficava como ‘jacaré’ – pois ele perecia ser bem esperto – a menina torcia muito para que ele saísse o mais rápido possível lá debaixo, e principalmente, torcia para que não caísse areia em seus olhos. E quando isso ocorria, ela sentia tanta pena dele, que chegava a lhe doer seu pobre e jovem coraçãozinho.

    O dia que ela nunca irá se esquecer, e que lhe marcou profundamente, foi quando estavam aprendendo a escrever suas primeiras letras. A professora da classe, talvez para diminuir a bagunça, separou as crianças em quatro para cada mesa: duas meninas e dois meninos. E para felicidade de nossa bela menininha, ela foi posta na mesma mesa que seu predileto; ficou frente-a-frente com ele. Nunca em sua curta vida aquela menina sentiu seu coraçãozinho pulsar tanto, lhe deixando um tanto ofegante, e muito, muito ruborizada.

    A professora logo passou a tarefa, que era escrever a letra “a”. Assim passaram a escrever a letra por diversas vezes em seus cadernos de caligrafia. Nossa menina fazia tudo com muito esmero, tentando caprichar ao máximo para que seu predileto visse o quanto ela era inteligente e caprichosa. No entanto, por mais que ela se esforçasse, sua letra não lhe saia a contento; e pior, a letra do seu predileto, parecia perfeita. Gostou de ver que ele escrevia tão bem; e achou, por um momento, que seu predileto era o garotinho mais inteligente do mundo. Foi meio sem querer que ela deixou escapar seus pensamentos e falou isso a ele, dizendo que não conseguia escrever tão bonito quanto ele.
    Assim que notou o que havia dito, a menina corou mais ainda – como se isso fosse possível – e olhou toda encabulada para o rapazinho que estava a sua frente. Viu que ele também ficou ruborizado, mas que agradeceu assim mesmo àquele elogio. Neste momento, a menina lhe abriu o seu sorriso mais sincero e puro – como se sorrisse com o próprio coração – e para seu jubilo, o rapazinho, seu predileto, lhe sorriu de volta com a mesma doçura e sinceridade; e ficaram se olhando, um dentro dos olhos do outro.

    Para aquela menina de seis anos, estes três segundo em que trocaram seus olhares, foram os mais perfeitos e maravilhosos de todos que podia lembrar já ter vivido. Foram segundos mágicos, que ela levaria pelo resto de sua vida como a mais doce recordação de seu primeiro amor; de seu primeiro e doce amor.

    Pena, ela não saber que um sentimento bem parecido com o que sentia, estava também a arder dentro do peito daquele rapazinho, que também mantinha uma paixão secreta por aquela bela garotinha no auge de seus seis anos de idade. E ele também (fiquem sabendo!) nunca mais esqueceu do elogio que aquela bela menininha que cativara tanto a seu coraçãozinho, lhe fizera; e daqueles três segundo mágicos do mais puro, sincero e doce amor que um ser humano pode sentir.



    Marcadores: , ,




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    8:32 PM 5 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    10 fevereiro 2008

    Delírios Musicais.


    A CARTA.

    Se quero falar de amor
    Eu falo
    Se eu quiser, faço guerra também
    O meu espírito está liberto
    Olho sobre um muro de concreto
    Vou mais além...

    Vamos fugir esta noite
    Das coisas que estão a nossa volta?
    Dor e mágoas e ilusões
    Que nos bate a porta
    Olhe sempre os sorrisos e as estrelas,
    As flores e não as folhas mortas.

    “São pequenos manifestos
    De um protesto espiritual”.



    O mundo precisa, precisa de flores
    E não de espinhos
    Que construam pontes e não muralhas
    Em seus caminhos
    O mundo precisa de compaixão
    E caminhos sempre floridos.

    Sentir é mais honesto
    Do que, apenas, dizer que se sente
    Estar junto não é estar perto
    E seja feliz vivendo o presente
    A vida ensina a coisa certa
    Mas sempre pelo modo errado.

    “E que a verdade seja dita
    Seja qual for a mentira”.

    “...São pequenos manifestos
    De um protesto espiritual”.

    composição de S.C.



    Sobre a música: Musica esta, liquidificada e inspirada, principalmente, em uma carta que recebi de uma garota com quem me relacionava, e acrescida de frases soltas, idéias fragmentárias; ou não.




    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    9:13 PM 2 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    08 dezembro 2007

    HQ: Manga Madura.



    E ae insana trip. Tripulação insana!

    Olha um quadrinhos super-bônus ae.
    Divirtam-se.



    Marcadores: , ,




    // Rabiscado por Lemmy
    10:38 AM 1 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    01 dezembro 2007

    Correspondências: Carta Final.


    [Carta encontrada pela polícia após a morte de seu autor]

    “Ex-esposa minha, e meu algoz,

    Deixo aqui minha carta de despedida. Eu bem poderia dizer que dou cabo de tudo, por tua culpa, por culpa de teu duro coração, pois, fora a causadora de tudo o que me atormenta.

    O que devemos fazer, quando na vida, nada mais nos importa? Quando nada há que nos motive e faça continuar lutando? Perdi a esperança na vida, perdi a esperança neste mundo ruim e cheio de opressão, onde não sabemos mais com quem contar, e onde somos traídos sempre; até mesmo por aqueles a quem mais amamos. Como continuar vivendo, se não há um amigo a que se apegar, quando nossa própria família é que nos apunhala vergonhosamente? Sinto-me tão só. É como se nunca tivesse tido família. Não que esteja me referindo a nosso filho, nosso primogênito; este sim, se estivesse aqui, eu teria certeza que me daria razão e estaria a meu lado me dando apoio. Pena que ele more no exterior. No fundo, é até bom para ele, que não ficará sabendo da desalmada mãe que possui, e não se envergonhará por ela ser uma puta, uma meretriz gananciosa; e que por total egoísmo, arrasta a filha para o mesmo caminho, vendendo seu jovem corpo ao primeiro calhorda que lhe acena com vantagens, e pondo ainda, sua alma a perder. Bem, no entanto, a ele – a meu filho – peço perdão por tudo, e espero que venha a me entender.

    Sei que esta escolha que faço, é uma escolha covarde, mas levo tanto amargura e ódio em meu coração que não vejo outra saída. Escrevo apenas para que tu saibas que ponho fim a minha vida por tua culpa; pelo desprezo, egoísmo e maldade que carrega em teu coração; por me trair, e te entregar a outros como uma cadela no cio; por tua baixeza.

    Que pelo menos, esta minha amaldiçoada carta (e também, este meu amaldiçoado ato!) lhe pese na consciência como a maior causadora de meu infortúnio. Que o remorso lhe atormente pelo resto da vida, e que tu nunca venha a esquecer que quem puxou o gatilho, fui eu, mas quem me matara realmente, foras tu, com teu desprezo e toda tua traição e trapaça que tanto me puniram.

    Este castigo e maldição, tenha certeza, também recairá sobre ti, desalmada!
    Vejo-te no inferno, quando voltarmos a nos reencontrar,



    de seu amaldiçoado
    marido, e cadáver.




    << Carta Anterior

    [Voltar a 1ª Carta]






    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    8:42 PM 7 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    25 novembro 2007

    Salteador Digital


    ADICIONE UM MULTI-TRADUTOR EM SUA PÁGINA.


    Mantendo minha dura tarefa de salteador digital, encontrei este belo multi-tradutor no blog http://estimulanet.blogspot.com/ , e achei muito funcional, e tem uma boa tradução.
    Para melhorar resolvi acrescentar alguns idiomas a mais e outras melhorias.

    Aproveite para disponibilizar sua página em diversos idiomas.

    Para adicioná-lo a sua página é muito simples: baixe o arquivo de código no link abaixo. Quando a página abrir, se o download não começar automaticamente, clique no local indicado para baixar. Depois é só abrir o arquivo substituir as partes que diz: ENDERECO DA PAGINA, por seu endereço, (mantenha as aspas do código) e estará pronto. Copie o código e cole onde você desejar em sua página.

    É isso! Valeu!


    [ clique aqui ]




    Marcadores: , , , , , , ,




    // Rabiscado por Lemmy
    1:44 PM 2 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    19 novembro 2007

    Correspondências: Carta Onze


    “Estimada sogra,

    Espero que esta carta possa lhe encontrar bem. Como estão as coisas ai, na casa da tia L*?
    Então, acho que a senhora deve ter se admirado que eu tenha lhe enviado esta carta, não é? Se a senhora, for boa observadora, poderá notar no remetente da carta, que eu a enviei já em nossa casa, digo, já da tua própria casa. Sim, já voltamos da lua-de-mel; não se assuste, estamos relativamente bem. É que não podíamos continuar nossa viagem com tudo o que vinha acontecendo, conforme a senhora nos contou no e-mail que enviou para sua filha, minha esposa. E assim que chegamos aqui, procuramos obter informações sobre meu sogro. A primeira pessoa que nos disse algo a respeito dele foi sua vizinha; que assim que nos viu chegar (estávamos ainda retirando as malas do porta-mala), correu em nossa direção para conversar, e perguntar o que estava acontecendo. Sua filha disse a ela umas coisas vagas, e ela respondeu que ficou preocupada pois viu seu ex-marido chegar em sua casa com uma cara horrível: parecia possuído pelo demônio, ela nos disse. Acrescentou ainda, que viu, espantada, seu ex-marido arrombar a porta de sua casa (o que comprovamos com tristeza, assim que chegamos à entrada da casa). Sorte a senhora ter sido prudente e ter ido para a casa de sua irmã; do contrário querida sogra, não quero nem pensar no que poderia acontecer.

    Bem, e agora (seja forte), vem a pior parte. Após estes fatos fomos, eu e sua filha, até a casa de seu ex-marido. Encontramos a casa fechada; pelo menos foi assim que pensamos. Decidimos contornar a casa, pelo quintal, para ver se a porta dos fundos também estaria trancada, e ficamos surpresos, pois encontramos seu ex-marido no quintal, com uma arma nas mãos, pronto para tirar a própria vida. Sua filha deu um grande grito de espanto, fazendo com que ele estacasse, por um momento. Rogou a ele que não cometesse aquela loucura, correu até ele e lhe abraçou. Ele mal pode se mexer, surpreso como estava. Depois que ela o soltou, ambos sentaram-se (no chão mesmo). Ele parecia estar dopado por alguma coisa, estava desalentado; enquanto que ela não parava de chorar, mal podendo dizer algo. Ele parecia não ter notado minha presença, até então, pois quando voltou a cabeça para o meu lado e me reconheceu, ergueu-se de imediato e já foi apontando a arma para mim. Nisso, sua filha voltou a gritar de desespero e agarrou no braço do pai, que agora parecia possuído, seus olhos pareciam arder em chamas de ódio. Ele livrou-se dela com um safanão e voltou a apontar arma para o meu lado. Eu então, estava estático, congelado de pavor, não podia se quer respirar. Sua filha vendo que não poderia deter o pai, bem mais forte que ela, tratou de correr até onde eu estava. Infelizmente, assim que ela se pôs a minha frente, estimada sogra, seu ex-marido, sem notar o que ela pretendia, apertou o gatilho, disparando a arma. O barulho do tiro pareceu reverberar em meus ouvidos, foi tudo muito rápido. Oh, céus! Como foi doloroso aquilo! De súbito, eu me vi abraçado com minha querida esposa – com sua filha, sogra querida – sustentando seu corpo; seus olhos estavam vidrados nos meus, pareciam anuviados pela dor.

    Eu gritei em desespero minha sogra. E chorei, chorei como nunca. Mal posso me recordar do que ouve a seguir a isso. Lembro-me apenas que me abaixei, ainda abraçado a ela, seu corpo todo banhado em sangue; e lhe estendi no chão, segurando depois, apenas em sua cabeça, lhe alisando os cabelos.

    Quando tornei a erguer meus olhos na direção de seu ex-marido, vi a ele alucinado e chocado. Ele também mal podia crer que havia atirado na própria filha. Estava transtornado, puxava seus cabelos com uma força tal, que chegava até a arrancar tufos de cabelo. A loucura parecia ter dominado a ele por completo. Xinguei a ele de demônio; e ele nem me ouvia. Sem pensar direito, ele voltou a levar a arma, que ainda estava em suas mãos, até o ouvido, e por outra vez, acionou o gatilho. A bala estraçalhou com uma boa parte de sua cabeça. Eu pude ver, o exato momento em que a bala estourara seus miolos, lançando no ar, espirros de sangue e do líquido encefálico. Logo após seu corpo tombou ao chão num baque seco. Daí em diante, já não me lembro de nada. Disseram-me, horas depois, que os vizinhos correram em auxílio, chamaram uma ambulância e levaram a eles dois, e também a mim – como um zumbi.

    Desculpe se lhe conto estas coisas assim desta forma. Deveria eu, contar-lhe pessoalmente, mas creio que não teria coragem. Não te preocupes (apesar de nada poder ser feito, em relação a seu ex-marido, que falecera na hora), sua querida filha – minha adorada esposa – está fora de risco. Infelizmente, a bala do revólver atingira sua coluna vertebral; ela perdera os movimentos das pernas, nunca mais voltará a andar; mas o que importa, é que está viva.

    Segue junto a esta carta, em um outro envelope (que a senhora já deve ter notado), uma outra carta, que seu ex-marido havia escrito para a senhora, e que fora encontrada na casa dele, assim que a polícia revistou a casa.

    Sinto-me muito mal com tudo isso, pois sei, que também fui causador de toda esta desgraça. Apesar de tudo, eu tinha uma grande estima por seu ex-marido, que também era meu amigo. Meus mais sinceros e estimados votos de condolências.


    de seu melancólico
    e inconformado genro”.




    << Carta Anterior

    [Voltar a 1ª Carta]

    Carta Final>>



    // Rabiscado por SANDRO CÔDAX
    9:19 PM 3 comentário(s)

    Escreva, comente, aja!

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++