Correspondências: Carta 1
ao invés de esperar que alguém lhe traga flores”.
Shakespeare.
É com infinita tristeza que lhe escrevo estes versos doídos, de palavras amargas e torturantes, de palavras banhadas em lágrimas, fel e sangue.
Quis a vida, colocar-te em meu caminho, e mostrar-me o quanto ela pode ser bela e generosa, pois contigo tudo era belo, tudo era tão simples, feliz e magnífico. No entanto, quis também, mostrar-me o quanto ela pode ser terrível e dolorosa. Tudo tornou-se cinza com seu aceno de adeus. A dureza de seu coração, petrificou todo o meu mundo.
Como podes jurar-me amor, alimentar meu sonho de paraíso, se o que guardavas para mim, era teu descaso, tua crueza e abandono. Tu me perdeste para vida, pois com ela agora me revolto e me indigno. Mas saibas que tua farsa, que tua falsa presença, criou em mim, sonhos de uma vida feliz; suas trapaças me mostraram que a vida seria maravilhosa a seu lado, mesmo que tudo não passasse de mentiras. E agora, entregue a minha solidão, não posso ver futuro que me acolha, nem vida que me alimente, pois sem você nada existe, nada há.
E por isso, peço-lhe que volte. Volte para mim. Mesmo que tudo não passe de mentira, de nova farsa, pois pelo menos assim serei feliz. Minha alma já se tornou escrava a tua pessoa, a teu duro coração. Preciso de tuas mentiras e trapaças. Deite-te novamente a meu lado, me engane com teus gemidos falsos de orgasmos inexistentes, me presenteie com teus sorrisos forçados e teus abraços relapsos e frouxos.
Por favor, dê-me uma migalha que seja, de tua atenção. Não me importo se, novamente, tu vieres a deitar-te com outros, enquanto estiveres comigo, como tu já fizeras por outras tantas vezes; pois meu destino, é sofrer a teu lado, só isso.
Por isso, imploro-te, volte.