Correspondências: Carta 03
Costumo defini-lo como
‘o sofrimento de não poder mais amar’”.
Dostoiévski
Muito triste eu fiquei ao ler tua carta. Não posso crer que tu tenhas mudado tanto. Admira-me saber, que você fala de coisas como traição, quebra do respeito, com tanta tranqüilidade. Fala como se não tivesses culpa de nada.
Quando te conheci, tu ainda eras uma menina. Nunca irei me esquecer de teu doce olhar, no dia em que ti vi pela primeira vez. Você, tímida e nervosa, escondia-te de mim. Mas aos poucos fui conquistando tua confiança, te demonstrando meus sentimentos e te dando meu carinho e afeto. A partir de então, não demorou muito para um sentimento maior florescer entre nós, e desde então, meu coração tornou-se cativo ao teu.
Vivemos anos felizes não vivemos? Nossa filha e nosso filho, estão ai, para comprovar que fomos felizes. Porém, desde o começo de nosso casamento, fui te conhecendo melhor, e não demorou muito até descobrir sua personalidade volúvel. Eu aceitei este teu comportamento, tolerei teus defeitos (sabia sim! que não somos perfeitos), e por isso, te perdoei sempre, e sempre busquei tornar nosso relacionamento o mais perfeito possível, dentro de sua limitação.
No entanto, meu amor, não te escrevo para reclamar, não. Escrevo para dizer-te que te perdôo de tudo, pois não só eu, mas nossa filha, também sente tua falta. (tanto, que ela quis ir passar o fim-de-semana contigo).
Espero vê-las de volta nesta semana que se segue.
e ainda apaixonado marido”.
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