Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets.

Capítulo XII
Vida de Cachorro.
– Veja! Au, au, au, au!!! Ali em cima da árvore! Au, au, au, au!!! – a fêmea latiu, encontrando nossos três amigos, sobre a árvore..
– Au, au, au, au!!! Rrrruuuhhhh!!! O que fazem aqui seus intrusos?! Au, au, au, au!!! – o macho perguntou, enfurecido.
– Estamos... perdidos! – Rita, arriscou dizer.
– Rrrruuuhhhh! Perdidos?! Não sabem que é proibido entrar no Jardim Elétrico?! – desta vez, foi a fêmea que perguntou.
– Desculpe, não sabíamos! Vocês podem nos ajudar? A sairmos do jardim?! – Rita perguntou tentando ser conciliadora.
Os cães se entreolharam, em duvidas.
– É, acho que não há problema! Au, au! – a fêmea falou, e depois perguntou a seu companheiro: – O que você acha, meu amor?
– Rrrruuuhhhh! Então desçam logo daí! – o cachorro macho rosnou mal-humorado.
– Mas, vocês não irão nos morder, irão?! – perguntou Baptista.
– Rrrruuuhhhh! Desçam logo, já disse. Antes que mudemos de idéia. Ai sim, vocês vão ver o que são umas boas mordidas! – o cão tornou a dizer.
– É melhor descermos logo, assim com ele diz... – Rita falou a seus amigos.
Meio a contragosto, Baptista começou a descer. E logo a seguir, desceram Sérgio, e também Rita. Assim que se encontraram no chão, os dois cães se aproximaram deles três, que se encostaram à árvore, rígidos. Os cães ficaram a farejar as pernas e as roupas dos três.
– Andem, sigam-nos. Au, Au! – o cachorro macho latiu, pondo-se a caminhar.
Nossos três aventureiros, seguiram a ele; e logo atrás, foram seguidos pela cachorra. O último da fila, era Sérgio, e a toda hora ele dava uma espiada para trás, meio incomodado com a presença da fêmea, que estava com uma cara nada agradável. De repente a cachorra, começou a latir, assustando a ele, ainda mais. Por sorte, ela se dirigia a seu companheiro, pois logo saiu de sua posição e foi até ele, que puxava a fila.
– Au, au, au, au! Espere! – disse ela. – Precisamos, passar em nossa casinha, para alimentar nossa primeira ninhada, meu amor!
– É verdade está na hora deles mamarem! Au, au! – o macho respondeu. – Bem, vamos levar estes humanos para eles verem. Acho que nossos filhotinhos vão gostar.
– Sim, com certeza gostarão. Au, au!
Nenhum de nossos três amigos contestou. Estavam com medo daqueles grandes cães, e pelo visto, resolveram não contrariar o que diziam. E assim seguiram aos dois caninos, até a casa onde viviam.
Andaram durante uns dez minutos. Quando chegaram ao destino, se espantaram: ao contrário do que deveriam pensar, a casa, não era uma simples casa-de-cachorro; era sim, uma bela residência, assim como a dos homens, cheia de conforto e muito bem mobiliada. Ao por os pés na porta de entrada, logo ouviram, uma algazarra de latidos de filhotes de cachorro, e sem demora, foram logo cercados por quatro cachorrinhos, alguns parecidos com o cachorro pai, e outros parecidos com a mãe.
– Au, au, au! Quem são estes, mamãe? Au, au, au! Quem são estes, papai?! – todos eles perguntaram ao mesmo tempo.
Nisso, Rita agachou-se, para acariciar aos filhotinhos, mas foi repreendido pelo cachorro pai:
– Rrrruuuhhhh! Pare com isso!!!
Rita levantou-se de um salto, assustada pelo rosnado do cão.
– Ah, meu amor, deixe nossos filhotes brincar com ela – a mamãe cachorro, intercedeu. – Que problema pode haver?!
O cachorro macho saiu rosnando baixinho, demonstrando seu descontentamento, enquanto os filhotes ainda cercavam aos três visitantes, latindo alegres.
Apesar da alegria dos filhotes, a mamãe chamou a eles para que viessem mamar em suas tetas. Ela deitou confortavelmente em um amplo sofá, e de imediato, os pequenos cachorrinhos também se acomodaram sobre o sofá. De início foi aquela confusão, eles não se entendiam, e brigavam, disputando as tetas que aparentavam possuir mais leite. Passados alguns segundo, aqueles que eram mais espertos, ou mais fortes, conquistaram a final, as melhores tetas, e passaram a sorver o leito com satisfação; assim também como os outros, derrotados, que tiveram que se contentar com as tetas menos cheias.
Durante este tempo, enquanto os filhotes se alimentavam, Baptista resolveu dar uma espiada nos fundos da casa, e logo foi acompanhado por Sérgio. Rita estava entorpecida pela cena de amamentação e ali ficou. No entanto, não demorou muito, para ela ter sua atenção voltada para o que os dois faziam lá fora. Começou a ouvir uma conversa estranha: parecia que Baptista e Sérgio haviam encontrado alguém nos fundos da casa. E como a curiosidade é mãe, e o mistério é pai da ação, Rita foi até eles, para ver o quê, e com quem conversavam.
Um pequeno grito de espanto foi o que se ouviu, quando Rita saiu pela porta que dava para os fundos da casa. Ela havia se espantado, pois próximo a Arnaldo Baptista e Sérgio, estava um outro homem; porém, este homem, possuía em seu pescoço uma coleira, de onde saia uma corrente, que o prendia nos pés de uma casinha-de-cachorro, onde pelo visto, ele dormia.
– Mas o quê é isso? O que está acontecendo? Por que você está preso? – ela perguntou, abismada.
O homem abaixou a cabeça, sem nada responder. Sentiu-se envergonhado, por aquela linda garota vê-lo naquela situação, e por sua pergunta.
– Este homem está aqui, preso, – foi Sérgio, quem tratou de responder a Rita – pois é mantido como o animal de estimação da família.
– Família? Que família?! – ela perguntou, mais confusa ainda.
– A família de cães, ora! – respondeu Baptista, desta vez.
– Mas como isso é possível? Que loucura é essa? Só tem malucos neste país!
– Os cães desta família, são os vigias de confiança do rei Baurets – falou por fim, o homem que estava com a coleira. – São eles que vigiam o Jardim Elétrico, que o rei tanto gosta.
– Pobre homem... – Rita lamentou-se. – Mas por que você se encontra nesta situação?
– É que eu cometi algumas infrações, e acabei me tornando escravo do rei. Como os cães estão sempre rondando pelo jardim, para protegê-lo, o rei me ofereceu de presente a estes cães, para que eu ficasse vigiando a casa enquanto eles estivessem ausentes. E foi assim que eu acabei me tornando o bichinho de estimação da família.
– Mas isso não pode ficar assim, temos que libertá-lo! – Rita falou a seus dois amigos, indignada.
– Nem é tão ruim assim – respondeu o resignado homem com a coleira. – Eu até gosto de brincar com os filhotinhos; pena que o cachorro pai seja tão bravo e severo...
– Então, venha conosco – Rita insistia. – Podemos te libertar. Não podemos? – completou ela, perguntando aos outros dois.
O homem da coleira ainda estava em dúvida, e falou:
– Não sei... se eu fugisse, os cães iriam logo em nossos encalços. Pode ser perigoso... não posso pôr vocês três em perigo.
– Não tema homem! – falou Baptista.
– Isso não tema... – Sérgio reiterou. – Nós iremos te libertar.
– Bem, acho que já estou cansado mesmo de bancar o bichinho de estimação...
– Isso. Vamos tirar logo esta coleira de seu pescoço – Rita falou, já toda animada. – Qual é o seu nome, amigo?
– Meu nome é Arnolpho Lima – foi o que ele respondeu.
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