Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets

Capítulo IV
O astronauta.
Agora, nossos três aventureiros, já sabiam que aquele homenzinho era um astronauta. Eles aproximaram-se mansamente, de onde estava o astronauta, e ficaram observando ele estudar a planta: onde podiam ver vários desenhos da nave, em perfil, em cortes, em vistas frontais e superiores, demonstrando detalhadamente cada parte da nave, que eram denominadas em uma legenda, indicando cada parte por uma letra.
O pequeno astronauta coçava a cabeça não conseguindo entender onde estava o problema, já que sua nave parecia não estar funcionando corretamente.
– Não consigo achar o defeito! – disse o astronauta desconsolado, sentando-se ao lado da planta, apoiando o queixo nas mãos e os cotovelos em seus joelhos.
A caridosa Rita Lee queria ajudar a ele, mas não entendia nada de mecânica e nem de eletrônica. Decidiu conversar com ele, para distraí-lo:
– De onde o senhor vem?
– Eu... – respondeu o astronauta, pondo-se de pé em um salto. – Eu sou um astronauta libertado, minha vida me ultrapassa em qualquer rota que eu faça! Sou parceiro do futuro na reluzente galáxia! Minha vida grita, se emprenha e se reproduz, na velocidade da luz!!!
Rita Lee, deu uma boa risada com a desenvoltura do astronauta, que ao falar gesticulava teatralmente, como se encenasse uma peça.
– Amei a velocidade e casei-me com sete planetas! – o astronauta continuava a dizer. – Nasci nos braços de 2.000 anos, sem ter idade! Sou baiano e estrangeiro, correndo não tenho mágoa!!!
– Não sei o que poderemos fazer amigo, – disse Baptista, assim que o astronauta terminou sua apresentação – mas se precisares, estamos aqui para ajudar-te.
– Sim, – reiterou Sérgio Dias – cá estamos.
Mal ele terminou de dizer isso, um pequeno e incandescente cometa passou rápido no céu, a uma altura não muito grande. O barulho e a fumaça fez com que todos erguessem suas cabeças para o céu. Viram uma pequena bola de fogo cortar os céus, deixando uma trilha de fumaça.
– Vejam! – disse o astronauta, todo eufórico – E um outro viajante intergaláctico! Bem que ele poderia voltar e me auxiliar.
– Como? Um cometa? – Rita inquiriu.
– Sim, sim. Você não sabia que todo cometa transporta um viajante? Um astronauta?
– Então, por que tu também não te utilizas deste tipo de transporte, em vez de ficar tendo tanto trabalho com tua nave? – Arnaldo Baptista perguntou a ele.
– É que eu não sei domar a um cometa. É uma tarefa muito difícil. Levam-se anos e anos-luz até conseguir tal feito.
– Bem que eu gostaria de viajar na calda de um cometa. – disse Sérgio, voltando a olhar para o céu.
Nisso puderam ouvir o barulho do cometa novamente.
– Ele está voltando! Ele está voltando!!! – disse o astronauta.
Dito e feito. Logo puderam ver o cometa cortar o céu novamente. No entanto, desta vez, o cometa passou, fez uma manobra e veio em direção de onde eles se encontravam. Sérgio, Rita e Baptista, observavam surpresos àquele espetáculo; o astronauta, por sua vez, não parou um segundo, estava saltitante com aquilo.
Assim que se aproximou, o domador de cometas fez uma última manobra no cometa, que ele controlava com uma espécie de rede para caçar borboletas.
– Bem vejo que o nobre senhor, também és um viajante das estrelas! – ele exclamou dirigindo-se ao astronauta.
– Sim. Sou astronauta libertado, minha vida me ultrapassa em qualquer rota que eu faça... – e o astronauta repetiu toda a ladainha e toda a encenação que fizera anteriormente a nossos amigos.
Depois de terminado a apresentação O domador de cometas se apresentou:
– Eu sou Mestre Cláudio, mestre na arte de domar cometas e na arte da eletrônica! Tu estás com algum problema em tua nave, meu bom homem?
– Estou sim, e que bom que você é mestre em eletrônica, pois dessa forma, poderá talvez me auxiliar no conserto de minha nave...
– Faço gosto em ajudar-te – Mestre Cláudio respondeu, já liberando seu cometa da rede, para que ele seguisse seu rumo livremente (pois os cometas não podem ficar muito tempo, parados).
Dessa forma, ambos passaram a estudar a planta da nave, e logo a seguir, foram até o aparelho. O Mestre Cláudio, abriu um compartimento lateral da nave – ele parecia conhecer bem aquele aparelho – e começou a mexer em uma infinidade de dispositivos e botões. Após alguns segundos, pediu para que o astronauta tentasse por a nave em funcionamento – porém, o astronauta não obteve sucesso.
– Talvez, tenhamos que sintonizar melhor os sintetizadores, – falou Mestre Cláudio ao astronauta – pois já os deixei configurados e no ponto. Contudo, vejo que o que falta é uma melhor sintonia e afinação.
– Sim, claro! Porque não pensei nisso! – respondeu o astronauta – Os sintetizadores estão mal afinados.
– Bem, quanto ao trabalho de afinação, não é minha especialidade. Mas por sorte, o grande Mestre Duprat, mago e maestro, também estará de passagem por este país, pois todos os mestre domadores de cometa, estarão se reunindo aqui para uma convenção intergaláctica. Comunicarei-me com ele, e ele virá em seu auxílio. Não se preocupe.
Assim falou o Mestre Cláudio, que a seguir, acionou um dispositivo propulsor em suas costas, e começou a subir veloz para o céu, girando lentamente em torno de si mesmo, num belo bailado. Enquanto subia, outro cometa já se aproximava, e assim que atingiu certa altura, num gesto rápido, Mestre Cláudio capturou o cometa com sua rede de caçar borboletas e foi se embora.
Com a retirada de Mestre Cláudio (mestre domador de cometas) o astronauta voltou a fuçar em sua nave, resmungando:
– Por que não pensei nisso antes? Por que não pensei nisso antes?
Os três aventureiros ainda permaneciam a observá-lo – para quem sabe poderem ajudar. Mas nem foi preciso; em questão de minutos, o céu era invadido novamente pelo estrondo de um novo cometa que se aproximava. Viram a seguir, uma pequena bola incandescente rasgar o céu, fazer uma manobra semelhante ao cometa anterior e pousar próximo a nave intergaláctica do astronauta.
Após libertar o cometa, este outro mestre domador de cometas veio ao encontro do astronauta.
– Saudações! – disse ele – Eu sou Mestre Duprat. És tu, o astronauta?
(continua...)
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