Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets
Capítulo III
Um novo amigo.
– Oh! Lembrar de tudo é viver outra vez, sofrer outra vez. – disse Sérgio Dias, ainda tocando sua triste música. – Estou tentando esquecer... não mais pensar em alguém... Mas vejo-a sempre em minha mente, com seu lenço azul, preenchendo o branco que há em meu pensar, pois não consigo pensar... em mais nada; todo uma vida embaça o meu olhar. Oh! Tudo aquilo que erramos...
Rita Lee se enterneceu pela dor daquele rapaz, que acabara de encontrar: (mal de amor) era disso que ele sofria.
– Hoje é dia 26? – perguntou Sérgio Dias, mais a si mesmo do que ao outros dois. – Ela se foi, sem ao menos se despedir; nem um beijo, deixou-me, a flutuar. Era o dia de nosso casamento. Eu não via a hora de vê-la, com aquelas cabelos rosas. Era tudo alegre, tudo em volta estava a brilhar, as pessoas a se abraçarem...
Aquela altura, Rita já estava com os olhos cheio de lágrimas: a triste canção, a história do rapaz, tocou-lhe profundamente.
– Mas a paz, é forte, ela vai viver! Disse ela, desejando abraçá-lo.
– Não. Já não é mais dia 26. Tudo começa outra vez – ele respondeu. – O amor a fez girar! Hoje, é dia 36, tudo começa outra vez.
Neste instante, o instrumento que ele tocava, calou-se.
Arnaldo Baptista, pousou sua mão no ombro do outro, e falou a ele, tentando lhe consolar:
– Esquece não pensa mais...
– Isso, deixe tudo para trás – Rita falou a ele, tentando lhe animar. – Tudo isso já ficou, vivamos nova vida! Por que você não vem conosco?
– Ir para onde? – Sérgio perguntou, ainda triste.
– Ir atrás de novos mundos! – respondeu Baptista. – Novas aventuras, novas esperanças!
– Já eu, desejo voltar para casa – disse-lhe Rita, suspirando. – A saudade que sinto do meu lar é enorme.
– Mas eu não desejo nada disso. Não desejo ir para casa, não desejo novos mundos. O que desejo é o amor – Sérgio respondeu.
E após pensar por alguns segundos Baptista tornou a dizer:
– Mas em nossas aventuras, podemos conhecer novas pessoas, e quem sabe até, encontrar novos amores...
– Ou antigos – arriscou Rita, completando.
Ao ouvir estas palavras, um certo brilho surgiu nos olhos do rapaz. Quem sabe não seria exatamente isso o que ele precisava. Sérgio Dias continuou refletindo ainda por um bom tempo. Voltou a olhar para aqueles dois, que aguardavam ansiosos pela decisão dele. Simpatizara com estes dois, bem que eles poderiam se tornar bons amigos.
– Bem, e que mal há nisso não é? Acho que irei com vocês – disse Sérgio, por fim, tentando se alegrar.
– Claro amigo! Junta-te a nós! – respondeu Arnaldo Baptista, indo em direção a Sérgio e já lhe ajudando a se levantar. – Seremos três caminhantes, a procura de nossos sonhos!!!
Nisso, Rita Lee trançou seu braço esquerdo ao de Sérgio, acolhendo a ele com um terno sorriso. Sérgio também sorriu. Já Baptista, largou de seu novo amigo e tratou de seguir, também dando os braços para Rita Lee.
E assim eles seguiram, sorridentes e saltitantes. Rita sentia-se nas nuvens, com seus novos amigos. Sentia-se tão bem, que começou a cantar uma alegre canção:
“Veja como vem
Veja bem
Veja como vem
Vai, vai, vem
Veja bem
como vai...”
Logo, seguida pelos outros dois, que continuaram a canção:
“...Veja como vai
Veja bem
Veja bem como vem
Vai vem se ela vai
também”.
Dessa forma, cruzaram os campos e colinas, cantando alegres. Rita e Baptista, ainda tentavam animar ao novo amigo prometendo a ele, nova vida e novos amores:
– Tu já és bem grandinho... – dizia Baptista – Já pode te cuidar. Ir seguindo teu caminho, errando sempre até um dia acertar!!!
– Só não vá se perder por ai... – alertava Rita. – Não queira dar o passo mais largo que as pernas. E não se iluda com um beijo, uma frase ou um olhar...
– Mas não tenha muita pressa – Baptista tornava a dizer. – Vá tentando devagar...
– Só não vá se perder por ai... – Rita voltava a lhe alertava.
Com todos estes incentivos, Sérgio sentia-se mais confiante no porvir, e seguia alegre a seus novos amigos; atrás das novas aventuras, novas esperanças, e quem sabe: novos amores.
E eles caminharam por um bom tempo, aproveitando o belo dia, até depararem com uma estranha máquina. Parecia um grande chapéu metálico, apoiado sobre quatro esferas, que ficavam metade para dentro do chapéu e metade amostra. Nossos três amigos aproximaram curiosos daquele estranho objeto. Não tinham nem idéia de que utilidade poderia ter aquilo. Quando já estavam bem próximos, puderam ouvir uma voz vindo de dentro do aparelho. Era uma voz meio esganiçada e apressada. Seu dono parecia estar muito ocupado. Não demorou nada até ele sair de dentro do aparelho. Saiu com uma grande folha em suas mãos, o que impedia de nossos três amigos vê-lo bem. Entretanto, quando ele baixou a folha, puderam ver bem como era aquele ser; assustaram-se. Rita chegou até a dar um pequeno grito de espanto: a cabeça daquele pequeno ser, era toda pelada, e sobre todo o seu topo, destacavam-se grandes veias saltadas. Seus olhos eram grande bolas brancas. Ele possuía pouca estatura, e assim que notou estes observadores, parou, soltou a folha no chão e – para alivio de todos – retirou o estranho capacete que cobria sua cabeça – e que nossos amigos pensaram ser, a própria cabeça daquele ser. Viram então, que se tratava de um ser humano, igual a eles; claro que de uma estatura menor, braços finos, olhos esbugalhados e com uma barba rala.
– Ô, ô! Que bom vê-los! Algum de vocês entende de mecânica e eletrônica?! – perguntou o pequeno homem.
Nenhum dos três, respondeu. Apenas olharam um para o outro, e logo tornaram a observar aquele homenzinho.
– Estou com um problema em minha nave e não consigo consertar... – o homenzinho voltou a dizer, ajoelhando-se sobre a planta da nave que colocara no chão.
– Nave? – perguntou Sérgio Dias – Que tipo de nave é essa?
– Está é uma nave intergaláctica!!! – respondeu o homenzinho astronauta, erguendo rapidamente a cabeça e voltando a se debruçar sobre a planta de sua nave.
(continua...)
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