Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets.

Capítulo IX
El Justiciero.
Enquanto subiam calmamente a colina, Rita Lee pode, a final, observar aquele homem que lhes acenava lá de cima. Era um homem jovem ainda, vestia-se como um cavaleiro: na cabeça, portava um chapéu de couro marrom e de abas redondas; sua camisa de mangas compridas, também eram de couro marrom, assim como a calça.
– He, El Justiciero buenos dias!
– Buenos dias cumpadre, que tenes a decir?!
– Precisamos de sua ajuda! De seu auxílio!!! – tornou a dizer Sir Ronaldo, na língua local desta vez.
– Cá estou – respondeu o ginete de roupa de couro, misturando seu idioma com o local. – O que tu pedires serás una ordem, cumpadre! E quem será esta linda joven que te acompaña?!
– Está é uma amiga que também necessita de seu auxílio.
– Procurastes a pessoa certa señorita! – respondeu El Justiceiro, sacando as armas novamente, e apontado-as ao além – Pois soy o protetor dos pobres e do povo desvalido! No que posso lhe ser ventajoso? – ele indagou, guardando as armas e curvando-se com gentileza, para dar um beijo na mão de Rita.
– Dois de meus amigos foram capturados pela guarda real – Rita confidenciou a ele. – Temo que eles sejam enforcados ainda hoje.
– E minha Lindonéia também desapareceu! – acrescentou Sir Ronaldo. – Creio que também fora capturada. Precisamos ir até a cidade, resgatar a todos eles.
– Não se preocupem! Iremos inmediato! – respondeu o ginete, assoviando em seguida para chamar sua montaria.
Dessa forma, Rita pode ouvir o trupe de cascos que se aproximavam, e logo viu um lindo alazão relinchar, empinado as patas dianteiras sobre o topo da colina.
– Adelante Fiel! – disse El Justiciero, montando em seu cavalo.
– Sempre as ordens, chefia!!! – respondeu o cavalo (para espanto de Rita).
– Suba em mi garupa, señorita... – falou El Justiciero, dando a mão a ela, para lhe ajudar a subir – e vamonos em frente! Pena não haver montaria para ti, cumpadre! – disse ele dirigindo-se a Sir Ronaldo, desta vez.
– Não se preocupe comigo. Acompanharei a marcha de sua montaria, tocando minha caixa-de-guerra!
Passados dois terços de hora, nossos valentes peregrinos já se aproximavam da cidade. Rita sentia-se feliz de poder contar com aqueles novos amigos. Sentia-se como um saltimbanco, rumando para a cidade atrás de seu destino, atrás de liberdade, assim como os personagens daquela linda fábula. Rita Lee passou a estudar pausadamente a seus acompanhantes. Sim, eles eram seres estranhos: um aviador sem avião, que caminhava tocando incessante a uma caixa-de-guerra; o outro, um paladino transviado, que parecia viver em um mundo de sonhos – e o pior de tudo – que ainda por cima, cavalgava uma montaria que falava. Sim, eram um louco grupo caminhando em sentido a cidade – pois quem visse a eles, admirar-se-iam também com nossa querida Rita, vestida de noiva; com certeza, pensariam eles, tratar-se-ia de uma maluca que fugira do altar.
Era com estes pensamentos que Rita seguia na garupa d’El Justiciero;. Ia tão entretida que acabou dizendo alto, um de seus pensamentos:
– E no mundo dizem que são tantos! Saltimbancos como nós!!!
– Sartibancos? – indagou El Justiciero. – Sí, sí, Saltimbanquis!!!
– Na história dos Saltimbancos, – Rita continuou a dizer – eles eram quatro, e iam rumo a cidade, assim como nós. Um deles era um cachorro...
– Mas não há nenhum canino entre nós! – disse Sir Ronaldo, pensativo.
– Sim, não há! Mas há você caríssimo Ronaldo, que possui a valentia e a lealdade de um verdadeiro cão feroz...
– Sim, isso é verdade – disse ele, todo orgulhoso.
– Havia também uma charmosa gata...
– Que bem poderia ser você, minha menina – gracejou Sir Ronaldo.
– Bem, – Rita respondeu, corando, e continuou sem ligar muito para a lisonja: – E também, havia um burro...
– Ei, espere! – respondeu Fiel, o cavalo – Eu não sou um burro, não! Eu sou um alazão!!!
– Claro, bem vejo. E é um lindo cavalo se você me permite dizer. No entanto, este burro da fábula era muito inteligente e sabido, assim como você também deve ser..
– Sim, – respondeu Fiel – Sou forte, sou valente! Sou belo e inteligente!!!
– RI RI RI!!! – Rita sorriu, com o cavalo a rimar. – Bem, e para completar havia uma galinha fugitiva...
– Que tienes a decir, mi niña? – El Justiciero perguntou irritado. – Yo non soy una gallina!!!!
– Não, não! Não quis dizer isto! Desculpe! Estou apenas comparando a situação – disse Rita, embaraçada.
A essa altura, eles já podiam avistar a cidade. A manhã já ia pelo meio, e a movimentação na cidadela era grande. A população parecia estar alvoroçada, devido a algum motivo especial. Os viajantes pararam por um momento, a observar a cidade.
– El corazón se pone triste contemplando la ciudad... – falou El Justiciero, entristecido.
– Sim meu cumpadre! – foi Sir Ronaldo, quem respondeu. – Tudo está tão triste...
– E perigoso! A cidade é uma estranha senhora, que hoje sorri e amanhã te devora! – completou Rita.
– Mas não tema, menina! – respondeu o cavalo Fiel – Você não está só, tem a nós, para lhe proteger e lhe ajudar.
– Sim, sou grata pela ajuda de vocês, que são amigos verdadeiros. Pois todos juntos somos fortes, somos flecha e somos arco. Todos nós no mesmo barco, não há nada a temer! – ela responde, ainda pensando nos saltimbancos.
Mesmo tentando animarem-se uns aos outros, os quatro entraram apreensivos na cidadela. Podiam constatar, o que aquele dia de guerra havia feito ao local. Viram cachorros mortos nas ruas, despedaçados, atropelados; pessoas assustadas; a tensão, em toda parte. Sir Ronaldo pensava em sua Lindonéia desaparecida; El Justiciero, não tirava os olhos de alguns policiais vigiando os arredores; Fiel, o alazão, marchava imponente e destemido, doido por ação. Já nossa querida Rita, impacientava-se e deixava a insegurança dominar-lhe.
Eles avançavam cautelosos, até que por um momento, uma velha senhora maltrapilha aproximou-se do grupo, parecendo reconhecer alguém:
– El Justiciero! El Justiceiro!!! – ela bradou, descontrolada, falando na língua de seu salvador e se agarrando as botas deste, que estava sobre o cavalo. – El Justiciero yo tengo trinta hijos com humbre! La guerra, la guerra me ay strupatto tanto bena! – ela continuou, já sem saber em que língua falava. – Socuerro, El Justiciero! Ajuda-me por favor!!!
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