"Na Incoerência das Eras".
a sombra de uma árvore e os teus olhos!
Nenhum sultão é mais feliz do que eu...
Nenhum mendigo é mais triste...”
Omar Káyyám
30 de junho de 2002.
Era final da Copa do Mundo de Futebol. Brasil versus Alemanha. Aquele torcedor estava tenso; era supersticioso.
Até oito anos atrás, nos idos de 1994, nunca havia visto o Brasil ser campeão mundial de futebol. O time do Brasil havia, passado pela seleção da Holanda, nas quartas-de-final; jogo duro, descido nos detalhes. Nas semifinais, batera a seleção da Suécia, e pegaria a Itália na grande final. Nosso torcedor em questão, não estava muito confiante no “escrete” canarinho, mas um time com Romário e Bebeto no ataque, tudo poderia dar certo.
Naquele mesmo ano de 94, este torcedor havia conhecido uma linda garota, que lhe cativara profundamente. No dia da final da Copa dos Estados Unidos, eles estavam juntos. Que dia feliz foi aquele: sofrido, tenso, mas feliz. Após a vitória da Seleção Brasileira, como foi bom abraçar a ela, lhe beijar, dividir aquele momento delicioso com uma linda garota.
Contudo, passados quatro anos, o destino havia separado a eles. Poderia ser inexplicável tal separação, mas na vida muitas coisas ocorrem assim mesmo: inexplicáveis. Era outra Copa do Mundo, só que na França; era outra final de Copa do Mundo: Brasil versus França. Como já foi dito, nosso torcedor era supersticioso, e por outra vez, não se encontrava muito confiante na seleção canarinho. A única vez que viu seu país ser campeão mundial de futebol, ele recordava-se – não sem nostalgia – que estava acompanhado de uma divina e adorável garota. Puxa, como eram boas aquelas recordações, quanta alegria ele sentira naquelas circunstâncias. No entanto, quatro anos haviam se passado, e agora, ele estava só. Claro, que não estava completamente só; porém, sem aquela adorável garota a seu lado, em seu coração, era como se estive só. Resultado: França 3 x Brasil 0. A França sagrava-se campeão mundial de futebol. Triste dia: só, com o coração vazio, e a alma amargurada pela derrota da seleção de seu país.
E aqui chegamos de volta, ao dia em questão. Outros quatro anos haviam se passado; era época de outra Copa do Mundo. Comandados por Ronaldo “Fenômeno”, e Rivaldo – jogando um bolão, por incrível que pareça – a seleção brasileira de futebol havia chegado, por mais uma vez, a final da Copa do Mundo: Brasil versus Alemanha.
Nosso supersticioso torcedor, novamente, estava receoso. Suas últimas recordações sobre finais, não lhe davam muito confiança, pois naquela em que a seleção brasileira ganhara a Copa, ele ainda estava com a divina garota a seu lado; já na outra, em que a seleção perdera, ele estava só – acreditava, que ambos os fatos, estavam indelevelmente ligados. Resumindo: por outra vez, ele não estava acompanhado da garota talismã; por outra vez, as perspectivas eram ruins.
Ele reunira-se com alguns amigos; a final seria pela manhã. Iniciado o jogo, tudo parecia correr bem. De repente, o Brasil faz um gol: alegria, gritos, comemorações. Os receios de nosso torcedor, pareciam começar a dissiparem-se; começou a ter esperanças de que tudo terminaria bem. O segundo gol não tardou, agora a vitória parecia certa. O antes receoso torcedor, enchia-se de felicidade, não só pela vitória da seleção brasileira, mas pelo fato de constatar, que no fundo, a vida acaba sempre nos dando novas chances; nem tudo precisa ser, como nos dita o cego deus destino. Com estas constatações, encheu-se de esperanças para a vida, deixando antigos receios para trás.
E naquele momento, sentiu... renascer para a vida...
Renascer... para o amor.